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Depois das multas a consultorias argentinas que publicam índices de inflação superiores aos oficiais, agora chegou a vez dos jornalistas que escrevem sobre o assunto. Um juiz argentino solicitou a seis jornais locais listas de nomes, com números telefônicos e endereço, dos jornalistas que escreveram sobre a inflação do país nos últimos seis anos. A solicitação é parte do processo iniciado pelo polêmico secretário do Comércio Interior, Guillermo Moreno, contra uma consultoria privada que contradiz as duvidosas estatísticas do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec).

O requerimento do juiz Alejandro Catania, da Vara Penal Econômica, foi enviado aos jornais Clarín, La Nación, Ámbito Financiero, El Cronista, BAE e Página 12. O juiz também solicitou à Comissão de Liberdade e Expressão da Câmara dos Deputados os relatórios mensais que divulga sobre a inflação, os quais são fornecidos pelas consultorias privadas. Além disso, o juiz exigiu cópia do ato administrativo pelo qual a comissão tomou a decisão de divulgar o índice elaborado pelas consultorias e que explique como elas chegam a esse número. A Associação de Entidades Jornalísticas Argentinas (Adepa) disse que a iniciativa provoca "grave preocupação e enérgico repúdio". Os partidos da oposição compararam a situação ao período da ditadura militar, quando havia listas que pretendiam amedrontar os jornalistas.

Em entrevista a rádios de Buenos Aires, o jurista Gregorio Badeni interpretou a investida do juiz como "mais um avanço contra a liberdade de imprensa no país". Segundo ele, não só o pedido das listas de jornalistas é intimidante, mas a própria causa original que o motivou. A iniciativa do juiz tornou-se pública no mesmo dia em que a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em entrevista coletiva à imprensa, falou sobre a necessidade de que a Argentina tenha estatísticas confiáveis. "Uma área onde não vou fazer concessões é na qualidade de nosso produto de trabalho, que está baseado, obviamente, na qualidade dos dados que recolhemos de todo o mundo", afirmou Lagarde.

Segundo o jornal El Cronista, concomitantemente à entrevista de Lagarde, a cúpula do Indec manteve uma reunião com técnicos do departamento de estatísticas do FMI e representantes do diretor de Hemisfério Ocidental do Fundo, Nicolás Eyzaguirre, sobre a elaboração de um novo Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Em julho, a Argentina assumiu compromisso público com o FMI de elaborar um novo índice geral, dentro de um prazo de 180 dias, que vence em janeiro.

O FMI, segundo o jornal, deixou claro que não levará adiante a publicação de dois índices, o oficial e o dos privados, em suas edições do Panorama Econômico Mundial.

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