A presidente Cristina Kirchner aproveitou o tradicional discurso da inauguração do ano legislativo na Argentina para defender a ampliação do número de voos para as disputadas Ilhas Malvinas todos partindo da capital, Buenos Aires. O episódio apimenta ainda mais uma delicada escalada diplomática com o Reino Unido, na qual ambos os países vêm trocando acusações de "colonialismo" às vésperas do 30º aniversário da Guerra das Malvinas, em abril.
Os dois países, que disputam a posse das ilhas no Atlântico Sul, assinaram em 1999 um acordo autorizando a empresa chilena Lan a oferecer voos diários do Chile para as Malvinas ou Falklands, como são chamadas pelos britânicos, que administram a região. Hoje, porém, a rota é operada apenas uma vez por semana em um trajeto bastante longo: saindo da cidade chilena de Punta Arenas, com escala em Rio Gallegos, capital da província argentina de Santa Cruz, 790 quilômetros a Oeste das Malvinas.
A proposta de Cristina visa estabelecer inéditos três voos semanais para o arquipélago. E a partir da capital.
"Já dei instruções a nosso chanceler (Héctor Timerman) para iniciar uma negociação. Serão voos partindo da Argentina continental, Buenos Aires, para as ilhas em nossa companhia nacional, a Aerolineas Argentinas", disse ela.
A presidente reforçou as críticas pela militarização das Malvinas e evitou fazer qualquer comentário sobre as gestões da ministra da Indústria argentina, Débora Giorgi, para reduzir as importações de produtos britânicos no país. A iniciativa levou o governo do primeiro-ministro David Cameron a exigir explicações do encarregado de negócios da Embaixada da Argentina em Londres, Osvaldo Mársico.
"Não podemos permitir a existência de uma colônia em pleno século 21", enfatizou Cristina, que voltou, entretanto, a negar a possibilidade de qualquer ação bélica por parte de seu governo. "Somos gente de paz, mas que também defende seus direitos."
Com a disputa reacendendo velhas tensões, na última segunda-feira, autoridades provinciais da Terra do Fogo, no extremo sul da Argentina, proibiram dois navios britânicos de passageiros de atracarem em seus portos.