O Grupo de Lima renovou seu apoio ao presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, e voltou a rechaçar as eleições parlamentares organizadas pelo ditador Nicolás Maduro, marcadas para dezembro e que não devem ser reconhecidas por grande parte das nações democráticas ocidentais. Em uma declaração emitida nesta terça-feira (13), o grupo de países latino-americanos também pediu que se investigue "a fundo as conexões do regime ilegítimo com o crime organizado, o terrorismo e as redes de corrupção transnacionais, o narcotráfico, o tráfico de pessoas e o contrabando". A declaração pode ser lida na íntegra, em português, no site do Itamaraty, já que o Brasil é um dos signatários.
Todos os países do Grupo de Lima – Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Haiti, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela (governo de Guaidó) – apoiaram o texto, com uma notável exceção: a Argentina.
A posição do país quanto ao regime chavista mudou quando Alberto Fernández assumiu o cargo deixado por Maurício Macri, que tinha uma postura muito mais dura contra Maduro, similar à do presidente Jair Bolsonaro. O Ministério das Relações Exteriores publicou um comunicado nesta terça-feira, explicando o posicionamento atual da Argentina sobre o assunto.
No documento, a Argentina diz que não reconhece Guaidó como presidente interino da Venezuela, salientando que o opositor venezuelano nunca teve o poder de facto sobre o governo do país. Também explica que não concorda que a crise humanitária na Venezuela tenha impacto sobre a segurança e estabilidade da região.
"Neste contexto, preocupa o apelo do Grupo Lima a uma convergência com os atores internacionais para uma resposta comum no sentido de 'restaurar a democracia e o Estado de Direito'. Este apelo à intervenção extrarregional, que emerge quase abertamente da declaração de hoje, não corresponde à gravidade dos problemas nem ao tipo de desafios que a Venezuela enfrenta. Muito menos pode ser admitido um curso de ação que poderia gerar um precedente com consequências imprevisíveis para a América Latina e o Caribe", disse o ministério das Relações Exteriores nesta terça-feira.
Ou seja, o governo Fernández não concorda com a postura de enfrentamento ao regime chavista, é contra as sanções e acredita que o papel da comunidade internacional seja o de "colaborar na facilitação do diálogo" para que os próprios venezuelanos resolvam a crise – parecendo ignorar as inúmeras tentativas de diálogo que no decorrer dos últimos quatro anos ajudaram a consolidar Maduro no poder.
"A Argentina sempre manterá seu compromisso com a defesa dos direitos humanos e respeitará os princípios de não ingerência, paz e solução política e democrática da crise venezuelana", concluiu a pasta.
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