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Buenos Aires (AE/AFP/Reuters) – O presidente argentino, Néstor Kirchner, substituiu ontem o Roberto Lavagna, arquiteto da recuperação do país após o colapso financeiro de 2001, pela presidente do estatal Banco de la Nación, Felisa Miceli, no comando do Ministério da Economia. Lavagna admitiu que Kirchner pediu sua renúncia, atribuída a atritos no Gabinete.

A substituição assustou o mercado e ofuscou uma espécie de reforma no governo. Felisa Micele, nome que surpreendeu os analistas, assume quinta-feira em meio a uma crise relâmpago. O índice MerVal da Bolsa de Valores de Buenos Aires recuou ontem 4,48%, a 1.556,52 pontos. A moeda nacional caiu 1,3% e ficou cotada a 3,02 pesos por dólar, quatro centavos a mais que na sexta-feira, em um mercado que raramente registra alterações bruscas.

A saída de Lavagna, nomeado durante a crise de 2002, "é uma perda importante para o governo argentino em termos da credibilidade com o setor empresarial e com o setor internacional", disse Claudio Loser, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental. A troca de ministros ocorre no momento em que a Argentina se prepara para reiniciar as negociações com o FMI, depois de uma gigantesca operação de reestruturação de dívida.

Reforma

Outros três postos estão sendo alterados. Na Defesa, assume Nilda Garré, uma figura histórica do flanco esquerdista do Partido Justicialista (Peronista). É a primeira mulher no cargo. A irmã do presidente Kirchner, Alicia Kirchner, deixará a pasta de Desenvolvimento para ocupar uma vaga no Senado pela província de Santa Cruz. Ela será substituída por Juan Carlos Nadalich, que até ontem comandava o PAMI, o sistema previdenciário argentino.

Em outra alteração no governo, com reflexos diretos para o Brasil, o presidente Néstor Kirchner designou ontem Jorge Taiana para o posto de chanceler, em substituição a Rafael Bielsa, que deixa o cargo para ocupar uma vaga de deputado no Parlamento. Foi Taiana que, no início do ano, se opôs radicalmente à candidatura do Brasil a uma vaga permanente na ONU. No entanto, segundo os analistas, ele provocará poucas mudanças na política de Kirchner.

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