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Curitiba – O embaixador da Argentina no Brasil, Juan Pablo Lohlé, classifica como inútil a busca por liderança regional empreendida pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. "Nenhum país vizinho vai se submeter a uma tentativa de liderança hegemônica", afirma, usando o argumento para explicar por que a Argentina prefere que uma virtual vaga fixa da América Latina no Conselho de Segurança das Nações Unidas seja ocupada em sistema de rodízio pelos países da região, com troca a cada dois anos. Para isso, evidencia, o diálogo até o consenso entre as nações seria essencial. Lohlé menciona a Organização dos Estados Americanos (OEA) como uma instância em que a exigência de consenso funciona bem.

Divergência política à parte, ele acha que as querelas entre Brasil e Argentina não são tantas nem tão numerosas quanto se imagina.

Mercosul

No âmbito do Mercosul, o embaixador diz que está cada vez mais otimista em relação à eficácia de instituições como o Parlamento. "Percebi que, numericamente, as regiões mais desfavorecidas seriam melhor representadas, o que torna o diálogo e o convencimento essenciais", diz, batendo novamente na tecla das saídas negociadas. Para ele, mesmo sem grande saltos, o bloco progrediu nos últimos anos, tanto no aspecto econômico, quanto no cultural. O próximo passo para que se avance, destaca, seria a instalação efetiva do Tribunal de Solução de Controvérsias, que automatizaria a resolução de conflitos comerciais. Na falta da corte, diz ele, a Argentina tem feito – por meio do Ministério do Desenvolvimento e da Secretaria de Comércio – um monitoramento setorial sistemático, para evitar que as divergências se prolonguem e emperrem a economia regional. "Isso tem resolvido em 80% dos casos", calcula, apontando os setores de calçados, têxteis e eletromésticos como os mais sensíveis aos c onflitos. As relações bilaterais entre Brasil e Argentina foram o tema da palestra proferida pelo embaixador ontem à noite, para os alunos do curso de especialização em relações internacionais da Universidade Federal do Paraná.

Salvaguarda

Mais cedo, em entrevista à Gazeta do Povo, o embaixador falou ainda sobre a cláusula de adaptação competitiva, um mecanismo recém-proposto pelo governo Kirchner que abre caminho para a imposição de barreiras comerciais quando a indústria local de um país se considerar ameaçada pela do outro. O Brasil concordou em estudar o mecanismo que, na prática, seria adotado quando as importações excedessem um certo patamar (calculado pela média de importações dos cinco anos anteriores). No Brasil, a medida tem sido vista como desrespeito às regras do Mercosul. Para Lohlé, trata-se de um instrumento importante para que não haja assimetrias no crescimento econômico do bloco. Ele diz que cláusula oferece uma vantagem tanto para o Brasil, quanto para a Argentina, que é a proteção contra a concorrência dos produtos da China e, em menor escala, da Índia.

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