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Pandemia

Argentinos de Formosa protestam contra quarentena e são reprimidos pela polícia

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Manifestantes entram em confronto com policiais após anúncio das autoridades de que a cidade retornará à fase mais rigorosa da quarentena devido a 17 novos casos de COVID-19, em frente à sede do governo provincial em Formosa, Argentina, em 5 de março de 2021 (Foto: Jose GANDOLFI/TELAM/AFP)

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Centenas de argentinos da cidade de Formosa, na província homônima situada na fronteira com o Paraguai, protestaram neste sábado (6), pelo segundo dia consecutivo, contra nova quarentena imposta pelo governador peronista Gildo Insfran, criticado recentemente por organizações internacionais depois que vieram à tona relatos de violações de direitos humanos cometidas por sua administração na tentativa de conter a propagação do coronavírus.

Nesta sexta-feira (5), houve uma dura repressão da polícia, segundo a imprensa argentina, que resultou em vários manifestantes feridos e detidos. Nas redes sociais circulam imagens que mostram pessoas com ferimentos de bala de borracha e policiais lançando gás de pimenta para afastar manifestantes. A oposição na Argentina afirmou que 93 foram detidos e que dezenas ficaram machucados, mas não há informação oficial do governo de Formosa.

Representantes da ONU na Argentina condenaram a violência em Formosa. "Quando há atos de violência [durante protestos], as forças de segurança devem distinguir e proteger aqueles que se manifestam pacificamente e utilizar força só quando seja estritamente necessário, em linha com os padrões internacionais de direitos humanos", disseram eles.

A violência também foi condenada pela Secretaria de Direitos Humanos da Argentina, que emitiu comunicado afirmando que "nada justifica o uso desproporcional da força policial na repressão dos protestos". Contudo a pasta culpou a oposição e a imprensa por uma "campanha" para desprestigiar o governo de Insfran.

Em janeiro, organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram violações nos "centros de assistência à saúde" da província. A Anistia Internacional citou casos em que pessoas foram colocadas em quarentena por vários dias, contra sua vontade, em lugares lotados e precários.

Insfrán também fechou as fronteiras de Formosa para o resto do país, ainda em março do ano passado. Quem quisesse entrar deveria cumprir quarentena preventiva e obrigatória. Isso fez com que várias famílias ficassem acampadas por meses na divisa, esperando que o governo liberasse a entrada na província. As restrições se aplicavam à imprensa de outros lugares da Argentina. Uma equipe de televisão da capital só conseguiu entrar em Formosa para averiguar denúncias contra os centros de atenção à saúde no fim de fevereiro, depois que obteve um habeas corpus da justiça federal.

Nesta sexta-feira, a Adepa (Associação de Entidades Jornalísticas Argentinas) denunciou "a grave deterioração da liberdade de expressão em Formosa", e informou que uma jornalista foi ferida e outra detida durante os protestos de ontem.

Os manifestantes não aceitam o retorno à fase mais restritiva da quarentena, anunciada depois que o governo informou surgimento de 17 novos casos de Covid-19 na capital da província. Em decreto emitido na quinta-feira, foi imposto o isolamento social, preventivo e obrigatório, no qual as pessoas só podem circular para comprar alimentos e remédios, com exceção dos trabalhadores essenciais. A medida está em vigor até 18 de março. Muitos comerciantes protestaram abrindo seus comércios. Houve carreatas neste sábado, sem registro de confronto com policiais até o início da tarde.

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