Organismos de defesa dos Direitos Humanos, a chancelaria argentina e diversas ONGs e associações sociais protestaram nesta quarta-feira (18) contra as declarações irônicas do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi sobre os desaparecidos da ditadura militar na Argentina (1976-83). Durante um comício na Sardenha, Berlusconi declarou que os denominados "voos da morte" do regime militar argentino eram "belos dias nos quais faziam que (os desaparecidos) descessem dos céus".
Os "voos da morte" consistiam em jogar - ainda vivos - os presos políticos desde aviões que sobrevoavam a elevada altitude o rio da Prata. Desta forma, os militares conseguiam uma elevada garantia do desaparecimento dos corpos.
A notícia, publicada pelo jornal italiano "L'Unitá" causou intensa polêmica em Buenos Aires, onde está o maior colégio eleitoral italiano no exterior. A chancelaria argentina convocou o embaixador da Itália no país para exigir explicações. A líder da organização Avós da Praça de Mayo, Estela de Carloto, declarou indignada: "nos dói muito a ofensa pronunciada por Berlusconi. Queremos que ele explique o retifique suas declarações". A organização das Mães da Praça de Mayo também protestou: "é uma falta de respeito, ele ignora que estes fatos aberrantes foram delitos contra a Humanidade".
As declarações de Berlusconi coincidem com o pedido de extradição do almirante Emilio Massera emitido pela Justiça italiana há poucos dias.
Massera controlava a Escola de Mecânica da Armada (ESMA), o principal centro de tortura da ditadura, de onde partiam os civis detidos que eram jogados dos aviões.
Berlusconi é famoso por declarações polêmicas. Há poucos meses, afirmou que o então recém-eleito presidente americano Barack Obama era um homem "bastante bronzeado".
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