Buenos Aires (AE) – Um grupo de pescadores argentinos que navegava pelo rio Uruguai ontem no fim do dia declarou que foi o alvo de tiros disparados da margem uruguaia do rio. A denúncia foi realizada na Delegacia Naval de Concepción, cidade argentina sobre a margem ocidental do Rio Uruguai. Os agressores segundo suas supostas vítimas, teriam gritado: "argentinos de m .., vão pescar em suas margens!".

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O barco em que estava o grupo de pescadores, entre os quais havia menores de idade, recebeu três impactos de bala. O tiroteio acrescentou mais turbulência ao clima tenso que a Argentina e o Uruguai vivem nas últimas semanas.

Os governos dos presidentes Tabaré Vázquez, do Uruguai, e Néstor Kirchner, da Argentina estão mergulhados em uma escalada diplomática cujo pivô é a polêmica construção, do lado uruguaio da fronteira, sobre o rio Uruguai – que separa os dois países – de duas grandes fábricas de celulose.

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O governo Kirchner alega que as empresas são altamente poluentes e que prejudicarão a produção agrícola da província de Entre Ríos, na fronteira, além da piscicultura, do turismo e a saúde dos habitantes da região. Kirchner pediu ao Banco Mundial que não forneça créditos para a construção das fábricas, e solicitou ao Parlamento argentino que aprove o pedido de uma abertura de um processo contra o Estado uruguaio na Corte Internacional de Haia.

O governo Vázquez retruca, afirmando que as empresas possuem tecnologia de ponta, e que não são poluentes. Vázquez, que já declarou publicamente que não colocará empecilho algum à construção das duas empresas.

Kirchner complicou o cenário, ao declarar um enfático respaldo aos habitantes da fronteira, que há duas semanas bloqueiam os acessos a duas das três pontes que ligam a Argentina com o Uruguai. A última ponte com o tráfego livre é a que liga a cidade argentina de Colón com a uruguaia Paysandú. Do lado uruguaio, afirma-se que os argentinos estão violando o espírito de livre circulação de mercadorias do Mercosul.

Além disso, acusam os manifestantes argentinos da fronteira e os ecologistas de estarem realizando um virtual "bloqueio econômico" contra o Uruguai. O país já está sofrendo prejuízos pela redução drástica de caminhões que levam exportações uruguaias, entre elas, carne, para o mercado chileno. Além disso os piquetes estão prejudicando o fluxo de turistas argentinos para as praias uruguaias.

Vázquez obteve o respaldo de todos os grandes partidos políticos uruguaios, que pela primeira vez em décadas, uniram-se em torno ao que denominam de "uma causa nacional". Por trás do consenso existem investimentos de US$ 1,8 bilhão, uma quantia substancial para a modesta e espartana economia uruguaia, que recupera-se de cinco anos de crise (1999–2003).

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