Integrante de patrulha dos EUA vigia fronteira com o México na cidade de Nogales, no Arizona. Estado americano endurece legislação contra imigrantes ilegais| Foto: Mark Ralston/AFP

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Casa Branca avalia se há desrespeito aos direitos civis

Folhapress

Horas antes da aprovação da lei anti-imigração no Arizona, Barack Obama havia feito um discurso contrário no qual classificou a medida de "irresponsável’’ e "desvirtuada’’. O presidente afirmou ter delegado a integrantes de sua equipe a responsabilidade de "monitorar de perto’’ a lei e "examinar os direitos civis e outras implicações’’.

No discurso feito durante a cerimônia de naturalização de 24 servidores federais, na Casa Branca, Obama acusou a lei do Arizona de "ameaçar as noções básicas de justiça que são compartilhadas pelos americanos’’ assim como "a confiança entre a polícia e as comunidades que é crucial para a segurança’’.

"Nosso fracasso em agir de maneira responsável no âmbito federal só abre as portas para a irresponsabilidade de outros’’, avaliou.

"Como nação e como povo, podemos escolher um futuro diferente’’, disse o presidente, elevando a pressão para que o Congresso americano apresse o debate e a aprovação de uma ampla reforma migratória nacional.

Entretanto, embora os líderes democratas de ambas as Casas tenham concordado em priorizar o assunto, nesta semana, Harry Reid, que comanda a maioria no Senado, admitiu que as negociações por uma proposta bipartidária estão congeladas.

Segundo o jornal Washington Post, políticos e lobistas também avaliam que a polarização está crescendo, apesar da vontade democrata de discutir a reforma migratória ainda antes daquela prevista para o setor energético.

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A governadora do Arizona, Jan Brewer, assinou ontem a mais se­­vera lei anti-imigração dos EUA, que torna crime estadual a presença de um imigrante ilegal no estado e permite à polícia comum checar o status legal de qualquer pessoa sobre quem paire "dúvida razoável’’.

Centenas de manifestantes contrários à medida cercavam a sede do governo estadual no mo­­mento em que a governadora a sancionou. "Nós no Arizona te­­mos sido pacientes em esperar Wa­­shington agir, mas décadas de inação e políticas desvirtuadas criaram uma situação perigosa e inaceitável’’, disse Brewer. Com esse discurso, a governadora re­­bateu o presidente Barack Oba­­ma, que dissera horas antes que a lei do Arizona era "desvirtuada’’.

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A principal crítica à lei é a de que, como não existe nenhuma orientação para o que constitui "suspeita razoável’’, há grande risco de marginalização de latinos – para a governadora, os críticos "estão exagerando’’ e não haverá perseguição racial por parte da polícia. Além disso, com a nova lei, todos, inclusive cidadãos americanos, estão forçados a portar o tempo todo documentos que comprovem o direito de permanência.

A lei draconiana foi aprovada pelo Senado estadual na última segunda, em ação que analistas temem ser o início de uma onda anti-imigração em vários estados enquanto o Congresso federal se prepara para discutir uma reforma migratória ampla.

Normalmente, ações contra imigrantes ilegais ficam sob o âmbito de uma agência federal. A polícia local só investiga status le­­gal de quem é suspeito de al­­gum outro crime.

Para o cardeal Roger Mahony, da Arquidiocese de Los Angeles, a lei encoraja "técnicas da Ale­­ma­­nha nazista e da Rússia comunista’’. Mahony disse em seu blog que "não quer nem imaginar pessoas dedurando outras’’.

Mesmo a associação de chefes de polícia do Arizona se mostrou contra a lei, temendo que imigran­­tes parem de cooperar em outras investigações por medo de serem indagados sobre status legal.

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Com uma das fronteiras mais movimentadas dos EUA, o estado do Arizona abriga estimados 460 mil ilegais.

"A intenção é aterrorizar os imigrantes não documentados’’, afirmou Alicia Menendez, analista sênior do "think-tank’’ NDN, voltado para temas latinos. "Mas as consequências não se limitam a apenas uma comunidade; a lei ataca e mina direitos civis de to­­dos os cidadãos americanos que trabalham e pagam impostos.’’

Para os que defendem a medida, é uma questão de ordem e gas­­tos. "A lei é um grande avanço pa­­ra trazer a ordem e a obediência às leis ao estado’’, afirmou o senador estadual republicano Al Melvin.