Reação
Casa Branca avalia se há desrespeito aos direitos civis
Folhapress
Horas antes da aprovação da lei anti-imigração no Arizona, Barack Obama havia feito um discurso contrário no qual classificou a medida de "irresponsável e "desvirtuada. O presidente afirmou ter delegado a integrantes de sua equipe a responsabilidade de "monitorar de perto a lei e "examinar os direitos civis e outras implicações.
No discurso feito durante a cerimônia de naturalização de 24 servidores federais, na Casa Branca, Obama acusou a lei do Arizona de "ameaçar as noções básicas de justiça que são compartilhadas pelos americanos assim como "a confiança entre a polícia e as comunidades que é crucial para a segurança.
"Nosso fracasso em agir de maneira responsável no âmbito federal só abre as portas para a irresponsabilidade de outros, avaliou.
"Como nação e como povo, podemos escolher um futuro diferente, disse o presidente, elevando a pressão para que o Congresso americano apresse o debate e a aprovação de uma ampla reforma migratória nacional.
Entretanto, embora os líderes democratas de ambas as Casas tenham concordado em priorizar o assunto, nesta semana, Harry Reid, que comanda a maioria no Senado, admitiu que as negociações por uma proposta bipartidária estão congeladas.
Segundo o jornal Washington Post, políticos e lobistas também avaliam que a polarização está crescendo, apesar da vontade democrata de discutir a reforma migratória ainda antes daquela prevista para o setor energético.
A governadora do Arizona, Jan Brewer, assinou ontem a mais severa lei anti-imigração dos EUA, que torna crime estadual a presença de um imigrante ilegal no estado e permite à polícia comum checar o status legal de qualquer pessoa sobre quem paire "dúvida razoável.
Centenas de manifestantes contrários à medida cercavam a sede do governo estadual no momento em que a governadora a sancionou. "Nós no Arizona temos sido pacientes em esperar Washington agir, mas décadas de inação e políticas desvirtuadas criaram uma situação perigosa e inaceitável, disse Brewer. Com esse discurso, a governadora rebateu o presidente Barack Obama, que dissera horas antes que a lei do Arizona era "desvirtuada.
A principal crítica à lei é a de que, como não existe nenhuma orientação para o que constitui "suspeita razoável, há grande risco de marginalização de latinos para a governadora, os críticos "estão exagerando e não haverá perseguição racial por parte da polícia. Além disso, com a nova lei, todos, inclusive cidadãos americanos, estão forçados a portar o tempo todo documentos que comprovem o direito de permanência.
A lei draconiana foi aprovada pelo Senado estadual na última segunda, em ação que analistas temem ser o início de uma onda anti-imigração em vários estados enquanto o Congresso federal se prepara para discutir uma reforma migratória ampla.
Normalmente, ações contra imigrantes ilegais ficam sob o âmbito de uma agência federal. A polícia local só investiga status legal de quem é suspeito de algum outro crime.
Para o cardeal Roger Mahony, da Arquidiocese de Los Angeles, a lei encoraja "técnicas da Alemanha nazista e da Rússia comunista. Mahony disse em seu blog que "não quer nem imaginar pessoas dedurando outras.
Mesmo a associação de chefes de polícia do Arizona se mostrou contra a lei, temendo que imigrantes parem de cooperar em outras investigações por medo de serem indagados sobre status legal.
Com uma das fronteiras mais movimentadas dos EUA, o estado do Arizona abriga estimados 460 mil ilegais.
"A intenção é aterrorizar os imigrantes não documentados, afirmou Alicia Menendez, analista sênior do "think-tank NDN, voltado para temas latinos. "Mas as consequências não se limitam a apenas uma comunidade; a lei ataca e mina direitos civis de todos os cidadãos americanos que trabalham e pagam impostos.
Para os que defendem a medida, é uma questão de ordem e gastos. "A lei é um grande avanço para trazer a ordem e a obediência às leis ao estado, afirmou o senador estadual republicano Al Melvin.
Governadores e oposição articulam derrubada do decreto de Lula sobre uso da força policial
Tensão aumenta com pressão da esquerda, mas Exército diz que não vai acabar com kids pretos
O começo da luta contra a resolução do Conanda
Governo não vai recorrer contra decisão de Dino que barrou R$ 4,2 bilhões em emendas