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Nos Estados Unidos

Arquidiocese divulga histórias de abusos sexuais de padres em Chicago

Documentos da Arquidiocese de Chicago divulgados na internet após acordo com advogados das vítimas de pedofilia detalham abusos sexuais cometidos por 30 padres da cidade contra crianças e adolescentes entre as décadas de 60 e 80.

Nas mais de 6.000 páginas, estão relatados casos como o do padre William J. Coutlier, acusado de violentar um rapaz de 13 anos e ameaçá-lo com uma arma, e do padre Joseph Bennett, que teria violado uma moça com o cabo de uma patena (prato usado para colocar a hóstia) dentro da paróquia.

Em pelo menos uma das várias ocasiões de abuso, Bennett teria permitido que uma terceira pessoa "assistisse" ao ato. Os nomes das vítimas e de outras pessoas envolvidas foram ocultados nos documentos.

Para o advogado de algumas das vítimas, Jeff Anderson, a liberação dos documentos com os detalhes chocantes sobre os casos já é "um grande passo". "Mas ainda está longe do que queremos", disse Anderson, que briga pela divulgação dos relatos referentes a outros 35 padres.

Dos 30 religiosos que tiveram suas acusações divulgadas nesta semana, 14 já morreram - entre eles, Coutlier. Todos os outros já largaram a batina.

Segundo o advogado dos padres acusados, Joseph V. Roddy, os documentos devem ser lidos com "cautela", já que "alguns foram usados durante o julgamento, mas a grande maioria, são só acusações".

"Para alguns de nós, isso [a divulgação dos documentos] vai representar respostas. Para alguns de nós, isso vai significar paz de espírito. Mas para todos nós, é um começo", disse Angel Santiago, 47, uma das vítimas do padre Joseph Fitzharris nos anos 80.

Santiago recebeu, em 2011, indenização de US$ 700 mil da Arquidiocese de Chicago. Fitzharris, acusado de manter um trailer onde cometia os abusos com meninos, deixou a igreja em 2009.

A Arquidiocese diz ter pago, no total, mais de US$ 100 milhões em indenizações nos últimos 25 anos.

Condescendente

Além de revelar detalhes dos abusos, os documentos liberados pelo advogados das vítimas mostram que o arcebispo de Chicago, cardeal Francis George, que está no posto desde 1997, ajudou a acobertar os casos de pedofilia, mesmo indo contra as sugestões de outros religiosos da diocese.

Ele teria mudado os padres acusados de paróquia em paróquia como forma de conter os escândalos. No caso do padre Bennett, por exemplo, ele adiou o quanto pode sua remoção - ocorrida apenas em 2012 -, e, para monitorar o acusado, designou um amigo próximo do religioso.

Procurada pela reportagem, a Arquidiocese de Chicago não quis se manifestar sobre as decisões tomadas pelo arcebispo. No site da instituição, um comunicado especifica que 95% dos casos de abuso ocorreram antes de 1988, e que nenhum dos acusados está mais sob a sua tutela.

"A Arquidiocese reconhece que seus líderes tomaram decisões no passado que agora são difíceis de justificar. Eles as tomaram de acordo com o pensamento prevalecente na época", diz o texto.

A instituição pede, na nota, "desculpas pela dor e o sofrimento das vítimas e de suas famílias". "Nossa esperança é que, através desta divulgação de documentos e do trabalho que estamos fazendo através do nosso Escritório para a Proteção de Crianças e Jovens, possamos ajudar todos aqueles afetados por esses crimes."

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