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O Vaticano rompeu o silêncio sobre a polêmica causada pelo aborto realizado em uma menina de 9 anos no Recife, que esperava gêmeos após ser estuprada pelo padrasto desde os 6 anos de idade. Segundo a agência de notícias Ansa, um artigo publicado neste fim de semana pelo Vaticano afirma que, antes de pensar na excomunhão dos envolvidos no aborto, "seria necessário e urgente salvaguardar sua vida inocente".

O artigo foi publicado pelo jornal vaticano L'Osservatore Romano e é assinado pelo presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Salvatore Rino Fisichella.

A mãe da menina, os médicos e integrantes de ONGs envolvidas foram excomungados pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho. Ou, pelo menos, a excomunhão foi anunciada. Nesta semana, após a repercussão da punição, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que não houve excomunhão, desautorizando o arcebispo de Recife.

"A terrível história da violência cotidiana" da qual a menina foi vitima, sofrendo abusos frequentes por parte de seu padrasto, "teria passado despercebida com a intervenção do bispo", observa o presidente da Pontifícia Academia para a Vida em seu artigo.

Segundo a Ansa, para o representante do Vaticano, a menina brasileira "deveria ter sido defendida antes de tudo", mas "não foi feito isto, lamentavelmente, prejudicando a credibilidade de nossas instruções que, para muitos, parecem marcadas por insensibilidade, incompreensão e falta de misericórdia".

A criança, admite o prelado no artigo, "levava dentro de si outras vidas, tão inocentes quanto a sua, embora frutos da violência, e que foram suprimidas, mas isso não era suficiente para fazer um julgamento que pesa como um machado".

O caso da menina ganhou destaque na mídia internacional, em meio a protestos contra a decisão de Dom José. A repercussão se tornou ainda maior pela postura da Igreja Católica em um Estado laico, interferindo diretamente nas decisões judiciais, e porque o padrasto, acusado de violentar a menina de 9 anos e sua irmã, de 14, não foi excomungado.

Segundo a Ansa, no fim de semana passado, comunidades eclesiais de base italianas afirmaram que a decisão do arcebispo brasileiro demonstram, "mais uma vez, o sentido de distanciamento radical entre a 'Igreja do Poder' e os dramas humanos".

Em uma nota emitida na ocasião, as comunidades também criticaram o Vaticano por sua postura, afirmando que a Santa Sé teria apoiado a postura de Dom José.

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