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Alexandra Skochilenko, uma artista russa que substituiu as etiquetas de preços de um supermercado por mensagens pedindo o fim da guerra de Moscou na Ucrânia, foi condenada a sete anos de prisão nesta quinta-feira (16) por meio de uma decisão judicial na Rússia que seus apoiadores chamaram de “uma vergonhosa farsa”.
Segundo informações da agência Reuters, Skochilenko, de 33 anos, foi considerada culpada por um tribunal russo por "divulgar intencionalmente informações falsas sobre o exército" do país. Além da sentença de prisão, ela também foi proibida de usar a internet em território russo pelos próximos três anos.
Skochilenko admitiu ter trocado as etiquetas de preços em um supermercado no dia 31 de março de 2022 por pedaços de papel que exigiam o fim da invasão russa à Ucrânia e criticavam as autoridades do país liderado por Vladimir Putin. No entanto, ela negou a acusação do promotor do Estado de divulgar informações falsas.
Os apoiadores de Skochilenko disseram que o caso dela faz parte de uma longa “repressão a qualquer um que se manifeste contra a ‘operação militar especial’ da Rússia na Ucrânia”. Segundo informações da Reuters, quase 20 mil pessoas já foram detidas por causa de casos desse tipo no país de Putin e mais de 800 processos criminais relacionados ao tema estão sendo julgados.
Em sua declaração final, Skochilenko disse ao tribunal que era uma "pacifista que valorizava a vida humana acima de tudo".
"Qualquer decisão que você tome, você entrará para a história", disse Skochilenko ao juiz russo que a condenou, segundo uma gravação de seu discurso feita por seus apoiadores.
Skochilenko se dirigiu ao promotor russo que havia pedido uma pena de prisão de oito anos para ela perguntando: “o que você vai dizer aos seus filhos? Que um dia você prendeu uma artista amada e gravemente doente por cinco pedaços de papel? [fazendo referência a troca de etiquetas no supermercado]".
Ela finalizou dizendo que "eu não tenho medo, e talvez seja por isso que meu governo [o Kremlin] tem tanto medo de mim e me mantém em uma jaula como o mais perigoso dos animais”.