Celio Martins, editor de Mundo| Foto: Jonathan Campos

Logo ao chegar no aeroporto internacional de Santiago o visitante já sente as dificuldades que o país atravessa após o terremoto. Os passageiros são obrigados a desembarcar quase no meio da pista. As bagagens são espalhadas no piso ao lado do avião e cada um tem de procurar a sua. Para o trabalho da Polícia Internacional foi montada uma grande tenda, de armação de metal e cobertura de lona branca. A es­­trutura improvisada – o prédio do aeroporto está totalmente interditado – não é suficiente para dar agilidade ao atendimento dos passageiros. Apesar de tantos problemas, as autoridades chilenas não abriram mão de manter o rigor na fiscalização. Até cão farejador, a procura de drogas, faz o seu trabalho normalmente.

CARREGANDO :)

Paciência no trânsito

Quem viajar de carro por esses dias no Chile deve estar preparado para engarrafamentos. Rodovias modernas, com várias pistas, ligam Santiago ao resto do território chileno, mas o terremoto provocou rachaduras e outros danos em grande parte de viadutos e pontes – o governo ainda não tem um balanço final dos estragos na infraestrutura do país. A viagem do aeroporto até o centro da capital, de 27 km, dura mais de uma hora durante o dia. Operários e máquinas estão por toda parte. Apesar das longas filas e o estresse, há paciência e solidariedade.

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Voltando ao normal

Em meio a réplicas do terremoto, que se repetem diariamente, os moradores de Santiago procuram levar uma vida normal. Aos poucos tudo volta a funcionar. Nas ruas do centro, no metrô, nas praças e no comércio nada demonstra a tragédia de dias atrás. As últimas escolas que estavam fechadas iniciaram o ano letivo ontem. Visitei o Liceo de Aplicaciones, uma instituição de ensino da 7.ª série do ensino fundamental ao 4.º ano do ensino mé­­dio, no centro histórico de Santiago. Era o primeiro dia de aula. Pais e mães foram unânimes em dizer que estava na hora do rei­­nício das aulas e que a educação não pode ser paralisada. Mas ainda há escolas interditadas por problemas na estrutura dos pré­­dios.

Marcas da tragédia

Uma curta caminhada pelas ruas da "velha" Santiago é suficiente para ver as marcas do desastre que atingiu a cidade. A cada quarteirão surgem edifícios com rachaduras. Os prédios históricos foram os que sofreram maiores danos.

Vivendo o tremor

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A maioria das pessoas de Santiago nem presta atenção às réplicas diárias do terremoto. Enquanto estava parado na calçada examinando o mapa da cidade, logo após ter deixado o hotel, percebi que o papel tremia. Fiquei parado e senti que o chão também ba­­lançava. "Está tremendo, não?", disse a uma senhora ao meu lado, ponto de ônibus. "Sim", me disse ela, com um leve sorriso. Foi o suficiente para perceber que os tremores de terra por aqui são rotina e não assustam.

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Célio Martins, editor de Mundo, está no Chile para acompanhar a posse do novo presidente, Sebastian Piñera, na quinta-feira, e relatar as consequências do terremoto do último dia 27.