Principais crimes nos EUA
Abril de 2007 O Instituto Tecnológico da Virgínia (Virginia Tech) assiste a uma tragédia. O estudante sul-coreano Cho Seung-hui mata 32 pessoas antes de se suicidar. Durante os nove minutos do ataque, o jovem fez mais de 170 disparos.
Outubro de 2006 Cinco alunas são mortas por um atirador que invadiu uma escola amish na Pensilvânia, EUA. O agressor se matou.
Agosto de 2006 Uma escola primária de Essex, em Vermont, é invadida por um homem. Duas pessoas são mortas.
Março de 2005 Um ataque cometido por um estudante na escola secundária Lake High School de Red Lake, cidade rural no norte do Estado de Minnesota, mata sete pessoas e deixa outras 14 feridas. O agressor se suicida.
Abril de 2003 O diretor de uma escola da Pensilvânia é morto a tiros por um aluno da 8.ª série. O estudante se mata após o crime.
Março de 2001 Um ex-aluno de uma escola em Gary, no estado de Indiana, mata um jovem de 16 anos a tiros no estacionamento.
Abril de 1999 No Colégio Columbine, em Littleton, no estado do Colorado, dois alunos matam 12 estudantes e uma professora e depois se suicidam.
Fonte: agências internacionais.
Curitiba O cenário chocante visto recentemente em Virginia Tech, nos Estados Unidos, reacende as discussões sobre os diversos contornos que a violência apresenta em diferentes sociedades. No caso norte-americano, o que os especialistas mais apontam é a acirrada competitividade que acompanha o cidadão desde os primeiros anos de estudo. Uma sociedade em que ninguém quer ser chamado nem visto como "loser" (perdedor). A regra é clara: quem tem as maiores notas no período escolar irá para as melhores universidades do país. Ou seja, um caminho sem volta para aqueles nem tão aplicados. Esses não terão a oportunidade de repetir o vestibular e tentar mais uma vez, como é no Brasil.
Um problema psíquico associado a essa "panela de pressão" parece ser a receita de histórias trágicas como Virginia Tech. Outro fator que potencializa tragédias como essa é a exclusão social daqueles considerados "diferentes", seja lá por qual critério... classe social, raça e outros.
Enquanto isso, na Europa a violência das gangues juvenis ganha as ruas dos grandes centros urbanos e reflete a desesperança, principalmente sobre o desemprego e a competição no mercado de trabalho com as novas gerações de imigrantes. O argumento dos europeus é: os filhos de imigrantes jogam o valor dos salários pagos para baixo.
Um problema que começa a preocupar. Metrópoles como Londres, em que os policiais andavam desarmados, estão revendo suas práticas diante do aumento da ação de gangues juvenis.
Já a violência brasileira vem sendo alimentada pela desigualdade social e a falta de esperança de "sair da miséria". Sem entrar no mérito do crime organizado, a violência cotidiana das cidades brasileiras acaba por ser justificada pelos especialistas pelo abismo do desnível social e da carência de perspectivas, aliado à propensão ao crime.
"Nos Estados Unidos, apesar de não ter tanta violência urbana como temos no Brasil, o ambiente mais competitivo e o discurso que preza mais a diferença do que a igualdade entre as pessoas podem levar a cenários como o de Columbine", analisa Eduardo Brito, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo. Em Columbine (veja quadro), há oito anos, dois jovens mataram 12 estudantes e um professor antes de se suicidarem. Outro agravante é o fácil acesso às armas em território norte-americano, diz.
Na Europa não se vê culto à violência no mesmo grau que ocorre nos Estados Unidos, comenta Brito. Ou seja, a violência não ganha status de espetáculo midiático, seja na tevê, cinema e outros.
A repulsa e exclusão aos "losers" remontam aos idos da colonização americana em que o sucesso já era visto como modo de agradecer a Deus, uma forma de se pagar o pecado original pelo trabalho, comenta Carlos Alberto Almendra, pesquisador do Centro de Estudos da Violência da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "Essa foi a raiz da ostentação à riqueza da escola ao mundo dos negócios."
No cenário europeu, a competição com imigrantes por empregos leva à xenofobia e à segregação cultural, acirrando focos de violência entre grupos, diz Almendra.
Nesse sentido, a violência ganha forma de manifestação e socialização, ou seja, um modo de mostrar o quanto determinado grupo se sente excluído da sociedade, das políticas públicas de benefícios sociais e do mercado de trabalho, comenta Francisca Soares, socióloga da Uninorte Faculdade Norte Paranaense. "A violência surge como cultura de grupos."
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