Buenos Aires "Vamos recuperar aquilo que nos pertence!". Com essa promessa uma alusão explícita às ilhas Malvinas , o vice-presidente Daniel Scioli marcou as cerimônias oficiais do 25.º aniversário da invasão argentina ao arquipélago, que há 174 anos é controlado pela Grã-Bretanha. Nas cerimônias, realizadas na cidade de Ushuaia, na província de Tierra del Fuego, Scioli representando o presidente Néstor Kirchner sustentou que a Argentina recorrerá a meios pacíficos para recuperar as Malvinas.
Scioli destacou que atualmente as reivindicações argentinas são realizadas em um contexto de paz: "Nossas demandas são feitas desde o diálogo e com a força da razão. Pedimos a Londres que retome as negociações. As Malvinas são argentinas, sempre foram e sempre serão". Além disso, sustentou que a Argentina "jamais" deixará de reivindicar seus "legítimos direitos". Segundo ele, o domínio britânico das ilhas é "colonial".
Scioli fez um aceno aos habitantes das ilhas, que tradicionalmente rejeitam negociações com a Argentina: "queremos conciliar a integridade territorial argentina com os interesses dos ilhéus para conseguir uma solução justa".
Kirchner não compareceu. Analistas indicaram que o motivo da ausência foi a presença de centenas de professores das escolas públicas da Patagônia, que há semanas desafiam o governo pedindo aumentos salariais. Kirchner teria preferido faltar à homenagem do que correr o risco de ser vaiado pelos professores em uma cerimônia cujas imagens percorreriam todo o mundo.
Trezentos veteranos de guerra participaram das comemorações em Ushuaia. No total faleceram 649 soldados argentinos no conflito. Outras manifestações foram realizadas em Buenos Aires e nas principais cidades do país.
No início da noite, dezenas de integrantes do "Quebracho", grupo nacionalista de extrema esquerda, manifestaram-se em frente ao monumento aos mortos nas Malvinas, na elegante Praça San Martín, na capital. Os manifestantes, todos encapuzados, queimaram bandeiras britânicas e americanas.
Grã-Bretanha
Em Londres, a ex-primeira-ministra da Grã-Bretanha Margaret Thatcher relembrou a guerra numa cerimônia simples na Catedral St. Paul. Na cripta da igreja, Thatcher, que governou o país quando o conflito eclodiu, colocou flores no memorial aos mais de 250 britânicos mortos no combate. O primeiro-ministro Tony Blair condecorou veteranos de guerra e disse que era preciso "refletir sobre o quanto nosso país deve às Forças Armadas".