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Diatomáceas proliferaram por bilhões de anos em águas superficiais  e deram origem ao petróleo que hoje estão nos reservatórios |
Diatomáceas proliferaram por bilhões de anos em águas superficiais e deram origem ao petróleo que hoje estão nos reservatórios| Foto:

Como se formou

Entenda o processo de acumulação de petróleo no planeta.

Dos micróbios ao petróleo

- A maior parte do petróleo do mundo surgiu a partir da decomposição de bilhões de organismos microscópicos que outrora floresceram na superfície do oceano e cujos restos ficaram enterrados em camadas mais antigas do solo oceânico.

Mares antigos

- Durante a maior parte do período Cretáceo [144 a 65 milhões de anos atrás], o Golfo do México e o Mar de Tétis foram ambientes ideais para a incubação de vida microscópica.

Formação do óleo

- Pressão e temperatura aumentaram enquanto camadas de sedimentos se acumularam durante milhões de anos. Se as condições forem adequadas, o lodo será compactado em xisto preto e transformado em óleo e gás. Relativamente, mais gás vai ser formado em maiores profundidades e a temperaturas mais elevadas.

Reservatórios modernos

- Micróbios que completaram o ciclo de vida no antigo Oceano Tétis formam os depósitos mais recentes de óleo do Oriente Médio. Já no Golfo do México, os depósitos mais antigos continuam sob o fundo do mar.

Em 1913, quando o automóvel surgiu na vida dos americanos, a revista The Outing Magazine ofereceu a seus leitores um resumo da história do combustível dos novos veículos com a matéria "The story of gasoline" [A história da gasolina]. Depois de uma rápida vinheta que descrevia a morte do velho Ste­­gosaurus Ungulatus, o artigo explicava que "ontem, você entornou em seu tanque de gasolina os restos do dinossauro".A ideia de que o petróleo teria se originado de terríveis lagartos, venerada pelas crianças, persistiu por muitas décadas. A empresa Sinclair Oil Company utilizou um dinossauro em sua logo e materiais publicitários, além de decorar seus postos de gasolina com réplicas gigantes dos animais com longos pescoços e caudas. A publicidade deu um novo sentido ao termo "combustíveis fósseis".

A ênfase, todavia, se mostrou equivocada.

Atualmente, um dos princípios fundamentais da geologia afirma que a maior parte do petróleo do mundo surgiu não de animais pesados e desajeitados da terra, mas, sim, de minúsculos organismos do mar. Tal princípio sustenta que enormes quantidades de organismos microscópicos caíram sobre as profundezas escuras durante séculos, produzindo sedimentos espessos que o calor interno da Terra acabou transformando em petróleo. Estima-se que 95% ou mais do petróleo existente no mundo tenha sido originado no mar.

"Essa é a teoria predominante", afirma David A. Ross, cientista emérito do Instituto Oceanográfico Woods Hole, em Cape Cod. A ideia, segundo o cientista, foi investigada por geólogos que percorreram o globo terrestre durante décadas, observando constantemente que camadas de sedimentos marinhos e são um "bom indicador" de onde se pode encontrar petróleo.

A teoria também explica ainda a perfuração em alto-mar – o porquê da existência de petróleo em muitos leitos marinhos, o motivo da localização das jazidas ser quase sempre próxima da costa e não nas profundezas abissais. Explica também o porquê – a despeito do desastre ocorrido com a plataforma Deepwater Horizon no Golfo do México, que matou 11 pessoas da equipe e causou o maior vazamento de petróleo da história dos EUA – de os especialistas dizerem que a perfuração em alto-mar deve aumentar ao invés de cessar.

As jazidas em alto-mar são as mais novas fontes. "Da maioria das áreas, o alto-mar é a que oferece o maior potencial", diz William E. Galloway, geólogo especializado em petróleo da Universidade do Texas, em Austin. "Temos perfurado poços há cem anos e a maioria desses poços se encontra em terra firme. Portanto, os volumes ainda inexplorados estão basicamente em alto-mar, em áreas que antes eram inacessíveis".

O segredo da história do petróleo acabou se mostrando como o entendimento de como os extintos oceanos, mares antigos e reservas menores de água produziram as complexas condições ambientais que aumentaram a prevalência de vida microscópica e garantiram que fossem enterradas nas profundezas, acabando por produzir os principais reservatórios de petróleo do planeta.

Indícios se acumularam durante mais de um século e incluíam descobertas geológicas, químicas e paleontológicas. Uma das indicações iniciais dizia respeito ao fato de que as descobertas de petróleo estavam sempre associadas às camadas antigas de rochas sedimentares – o tipo que se forma quando detritos penetram na água durante séculos e, lentamente, acabam por constituir camadas espessas de leito marinho.

Um grande avanço surgiu na década de 1930. Alfred E. Treibs, químico alemão, descobriu que o petróleo continha resíduos fósseis de clorofila, o componente das plantas que ajuda a converter a luz do sol em energia química. A clorofila parecia ser proveniente das minúsculas plantas encontradas nos mares antigos.

Nas décadas de 1960 e 1970, amostras de petróleo forneceram muitas moléculas de fósseis. Uma classe delas, os hopanoides, foi considerada como a representante de resíduos de micróbios primitivos que se alimentavam dos detritos dos leitos marinhos. Um livro publicado em 2009, Echoes of Life: What Fossil Molecules Reveal About Earth History [Ecos da vida: o que as moléculas de fósseis revelam sobre a história da Terra, em inglês], diz que os geólogos encontraram tantas moléculas fósseis, e de tantas variedades, que começaram a utilizá-las como impressões digitais para identificar as relações entre as famílias de moléculas encontradas nos bolsões de petróleo de águas profundas.

Outra descoberta importante ocorreu quando paleontólogos reconheceram uma série de microfósseis ao examinarem petróleo. Menores do que grãos de areia, os fósseis, no entanto revelavam muitas coisas. Muitos eram foraminíferos, minúsculas criaturas marinhas com uma desconcertante formação de conchas. Geólogos especializados em petróleo começaram usando a aparência mutante dos foraminíferos como um guia confiável para a datação geológica.

À medida que as peças começaram a se encaixar, o grande cenário começou a ser visualizado. Esta foi a opinião dominante na década de 1970.

O processo normalmente começa em mares quentes ideais para a incubação da vida microscópica. É difícil imaginar a massa como um todo. Todavia, os cientistas alegam que cada gota da água do mar contém mais de um milhão de minúsculos organismos.

A produção de petróleo começa quando as águas superficiais se tornam tão abundantes em vida microscópica que a verdadeira chuva de resíduos supera a deterioração do leito do mar. O resultado é o espessamento do acúmulo do sedimento biológico.

Tradução: Thiago Ferreira

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