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As perguntas que a imprensa deveria fazer a Joe Biden
| Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP

Recentemente o candidato à presidência do Partido Democrata, Joe Biden, finalmente concedeu o que foi anunciado como uma entrevista coletiva com jornalistas – algo raro em uma campanha que se baseou predominantemente em sessões de perguntas e respostas. Foi uma exibição verdadeiramente embaraçosa do ativismo da imprensa.

Aqui está uma amostra rápida de algumas das perguntas que Biden enfrentou de jornalistas supostamente imparciais:

Um repórter da revista The Atlantic perguntou a Biden sobre alegações, de origem anônima (publicadas na semana passada pela mesma revista), de que Trump havia feito comentários depreciativos sobre veteranos: "Quando você ouve esses comentários. . . o que isso diz a você sobre a alma de Trump e a vida que ele leva?"

Na sequência: O que Biden "diria aos apoiadores da [teoria da conspiração] QAnon" e a Trump por "não rejeitar essa conspiração?"

"Também sabemos que a Rússia vem tentando semear dúvidas sobre o sistema [eleitoral americano]. Você está preocupado com que esta mensagem possa estar funcionando, que seus apoiadores possam desistir de votar pelo correio porque estão preocupados que [a eleição] possa ser fraudada?"

"Você disse que hoje é o momento em que você mais se sentiu irritado como candidato a presidente, mas disse que está tentando se conter. Não há muitas pessoas por aí que estão apoiando você ou inclinadas a não votar no presidente [Trump], que diriam: 'Por que Joe Biden não está mais furioso com tudo isso?'"

"Você sabe quando fará outro teste para Covid? Você tem algum teste planejado, algum teste futuro chegando?"

E assim por diante.

As perguntas em grande parte serviram para mostrar a raiva e o desapontamento de Biden em relação à presidência de Donald Trump, um tópico completamente legítimo para o candidato trazer à tona, mas não um assunto para o qual a imprensa supostamente independente devesse alertá-lo.

Supõe-se que os jornalistas têm perguntas mais importantes para fazer a um candidato cuja agenda vai além de uma aversão por seu rival político. Eles poderiam, por exemplo, perguntar a ele:

Após 45 anos, você recentemente abandonou seu apoio à emenda Hyde, que proibia o financiamento de abortos pelos contribuintes. Sua posição atual é compatível com a do restante do establishment do Partido Democrata, que apoia o aborto financiado pelo governo até o nono mês de gravidez? Se não, você pode apontar uma restrição que um governo Biden apoiaria?

Você ainda apoia a “emenda Biden” à Lei de Assistência Externa, que proíbe qualquer ajuda estrangeira americana de ser usada em pesquisas relacionadas a abortos?

Recentemente, você falou sobre como sua fé católica inspirou sua candidatura à presidência. Mas você também prometeu recentemente restabelecer as políticas da era Obama revertendo as objeções de consciência para freiras católicas e outros grupos religiosos. Será que um governo Biden renovará os esforços para processar instituições religiosas de caridade, como as Little Sisters of The Poor of the Poor, em um esforço para obrigá-las a pagar pelo controle da natalidade, em violação a suas crenças religiosas?

Certa vez, você prometeu colocar Beto O’Rourke – o homem que disse: "Claro que sim, vamos tomar suas armas" – como encarregado dos esforços de controle de armas em um governo Biden. Você vai manter essa promessa? Sua companheira de chapa Kamala Harris também apoia o confisco de “armas de assalto”. Você apoia a proibição de AR-15s e outros rifles semiautomáticos, mas não está claro se você apoia a proibição retroativa. O que você pensa sobre isso agora?

Durante a campanha, você apoiou publicamente o movimento para "desfinanciar a polícia" – usando a definição que foi dada pelos defensores dessa causa – apesar dos tumultos e picos de crimes que víamos na época. Agora você diz que não apoia mais o redirecionamento dos orçamentos dos departamentos de polícia. O que o fez mudar de ideia?

No ano passado, você afirmou que todos os benefícios da reforma tributária republicana foram "para o pessoal do topo e para as corporações". Você ainda defende isso? Em caso afirmativo, por que você agora diz que não reverterá totalmente os cortes de impostos de Trump?

Durante as primárias do Partido Democrata, você apoiou a criação de um imposto sobre o carbono e a transição mandatória para energias renováveis. Até mesmo o liberal Tax Policy Center diz que você aumentará os impostos sobre a classe média e as pequenas empresas. Então, como você pode alegar que não aumentará os impostos de ninguém que ganhe menos de US$ 400.000 (por ano) quando o fardo por esses programas e aumentos são suportados por todos?

Você adotou o Green New Deal de Alexandria Ocasio-Cortez, que propõe a proibição de carros e viagens aéreas como uma estrutura para sua política energética. Além disso, em várias ocasiões, você disse que proibiria o fracking. Agora você diz que não apoia a proibição de fracking. O que fz você mudar de ideia e como você alcançará sua meta prometida de “uma economia de energia 100% limpa e zero emissões de carbono até 2050” sem restringir os combustíveis fósseis acessíveis?

Você prometeu retornar às diretrizes do governo Obama sobre o Título IX, que negou o devido processo a estudantes universitários acusados ​​de má conduta sexual, impedindo-os de questionar seu acusador, revisar alegações e evidências, apresentar evidências justificativas e chamar testemunhas. Por que estudantes universitários não merecem a mesma presunção de inocência que você desfrutou depois que Tara Reade o acusou de agredi-la sexualmente?

Você disse que não é fã das charter schools (escola independente com financiamento público, estabelecida por professores, pais ou grupos comunitários) e que se opõe a "charter schools com fins lucrativos" porque elas "sugam dinheiro das nossas escolas públicas, que já estão com problemas suficientes". Como você planeja fazer o governo federal se impor às escolas locais e como impedir que as localidades ofereçam mais opções aos pais e filhos, se assim o desejarem?

Você mudou sua posição sobre o Projeto de Lei Criminal de 1994, um projeto de sua autoria, bem como sobre a Lei de Defesa do Casamento, aborto, Guerra do Iraque, congelamento de gastos com a Previdência Social, o busing, comércio e assim por diante. A maioria das pessoas muda de ideia de vez em quando - “evoluir”, no jargão liberal - mas há algum projeto importante que você apoiou como senador que ainda apoia hoje?

A maioria dos eleitores do Partido Democrata acredita em uma teoria da conspiração, alegando que a Rússia alterou os votos para ganhar a eleição de 2016 para Donald Trump. Você está preocupado com o fato de que deslegitimar as eleições desta forma possa prejudicar o cargo da presidência? O que você diria a esses membros do seu partido?

Já vimos mais de um relatório de que os líderes do Partido Democrata e organizações aliadas estão se preparando para contestar os resultados da eleição se você perder o Colégio Eleitoral, mas tiver mais votos em nível nacional. Você apoia esse tipo de esforço ou aceitará os resultados eleitorais prescritos pela Constituição?

Esses são apenas alguns dos tópicos que vêm à mente. Biden tem mentido descaradamente sobre muitos desses problemas - com a ajuda de “checagens de fatos” e repórteres por meses. Depois de férias de oito anos durante o mandato de Obama, vimos muitos questionamentos agressivos ao presidente Trump nos últimos quatro anos. Nada de errado com isso. Seria bom, porém, ver até mesmo um centelha desse zelo investigativo na cobertura de Biden.

*David Harsanyi é redator sênior da National Review e autor de "First Freedom: A Ride through America’s Enduring History with the Gun" (Primeira liberdade: um passeio pela duradoura história da América com as armas, em tradução livre).

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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