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O peronismo vai tentar de novo uma medida que nunca deu certo: os preços dos combustíveis na Argentina estão congelados a partir desta sexta-feira (18) e até o próximo dia 31 de outubro, por meio de um acordo entre a indústria e o governo para tentar amenizar a forte alta de preços que assola o país vizinho.
Após o aumento de 12,5% no preço da gasolina e do diesel, estabelecido na última quarta-feira pelas empresas Raízen - que é administrada pela Shell -, Axion Energy e Puma Energy em decorrência da desvalorização do peso efetuada pelo governo no início da semana, o Executivo chegou a um acordo com as empresas para que esse aumento seja o último até depois das eleições gerais de 22 de outubro. O atual ministro da Economia, Sergio Massa, é o candidato governista à presidência.
A petrolífera YPF, controlada pelo Estado e maior comercializadora de combustíveis do país, aguardou a concretização deste acordo para efetuar este aumento e nesta sexta-feira também aumentou os seus preços em 12,5%.
O acordo, negociado entre produtores, refinarias, Alfândega e as secretarias de Energia e Comércio, inclui benefícios fiscais para as empresas, segundo anunciou Massa na noite de quinta-feira.
“A indústria de petróleo e gás na Argentina é um dos grandes tratores que temos em nossa economia. Hoje, parte da queda que representa a perda de exportações e atividade devido ao impacto de uma seca que nos tirou US$ 21 bilhões de exportações é compensada pelo enorme crescimento no setor de petróleo e gás”, acrescentou.
Estas reduções fiscais podem ser retiradas se as empresas violarem o acordo. Será acionado um sistema de denúncias na Secretaria de Energia, segundo informou o Ministério da Economia.
Massa ressaltou também que esta decisão serve “para trazer tranquilidade e segurança ao povo em uma altura em que a decisão do fundo [Monetário Internacional] de impor uma desvalorização gera uma distorção em muitos dos preços da economia”.
Nos últimos 12 meses, o reajuste dos preços dos combustíveis acumula altas de entre 70% e 90%, segundo a consultoria EyE, abaixo da evolução da inflação, que registrou em julho um salto anual de 113,4%.
País que sofre com a inflação crônica, a Argentina já se acostumou a anúncios do governo de planos de congelamento de preços. Em fevereiro, a gestão Alberto Fernández anunciou o programa Preços Justos Carne, que visava estabelecer reduções de 30% a 35% nos preços de sete cortes de carne bovina até 31 de março.
Antes, o governo da Argentina havia implementado o programa Preços Cuidados, que, por meio de “acordos” com a iniciativa privada, visava congelar ou controlar reajustes de preços de produtos básicos.
Entretanto, a realidade sempre se impôs e a inflação no país voltou mais feroz do que antes: segundo reportagem do Clarín, analistas já projetam que, com a desvalorização do peso, a Argentina pode fechar 2023 com uma inflação de 180% a 200%. (Com Agência EFE)