O atual presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou neste domingo (3) à agência Noticias Argentinas que os dados sobre a pobreza no país não condizem com a realidade, sendo "mal medidos", segundo ele.
De acordo com o peronista, que deixa a chefia da Casa Rosada no dia 10 de dezembro, se 40% da população estivesse na pobreza, "a Argentina estaria destruída”. Os dados oficiais que o mandatário tenta relativizar são coletados pelo Instituto de Estatística e Censos do país (Indec).
“Acho que a pobreza é mal medida. Se houvesse tanta pobreza, a Argentina ficaria arrasada. Não consigo entender como é possível conciliar o fato de que há 40% de pobreza e ao mesmo tempo tivemos 37 meses consecutivos de trabalho registrado”, disse o presidente ao ser consultado pela jornalista Mayra García.
Fernández ainda questionou a metodologia utilizada para definir o índice. “Há uma coisa que não me clareia: como a pobreza é medida por meio do Inquérito Permanente aos Agregados Familiares? É um inquérito. O que temo é que as pessoas, como acontece nos inquéritos políticos, não digam toda a verdade, porque se você pergunta a uma pessoa que tem família qual é a renda que ela tem e ela diga 'eu tenho um plano', a partir daí começa a mentir porque tem medo que isso seja tirado dela. Se além do plano ela tiver um emprego, negam, se além do plano ele tiver um emprego sem registro, ele nega, se a mulher arrecadar a AUH (benefício universal por filho) e o Cartão Alimentar, ele nega. Aí o cálculo começa a ser muito impreciso", afirmou.
No final de setembro, o Indec divulgou um balanço de dados do primeiro semestre de 2023, período no qual a pobreza atingiu 40,1% da população, um aumento de 0,9 ponto percentual nas áreas urbanas do país em relação aos últimos seis meses de 2022.
De acordo com o jornal argentino Clarín, se essa porcentagem for estendida a toda a população do país (46,2 milhões), incluindo a população rural, equivale a pouco mais de 18 milhões de pessoas em situação de pobreza na Argentina, das quais pouco mais de 4 milhões estariam desamparadas por não terem rendimentos ou não terem condições de comprar alimentos básicos.
Posse de Milei
No próximo domingo (10), o libertário Javier Milei assume a presidência da Argentina após a vitória histórica contra o peronista e atual ministro da Economia, Sergio Massa.
Nos últimos dias, Milei já anunciou alguns nomes que integrarão seu futuro governo, como o de Luis Caputo, ex-ministro de Macri e escolhido como substituto de Massa na pasta econômica. Patricia Bullrich, que apoiou o libertário no segundo turno eleitoral, retorna à chefia da Segurança, papel que exerceu também durante o governo de Mauricio Macri (2015-2019).
A primeira viagem do novo presidente eleito foi para os Estados Unidos, na semana passada, onde se reuniu com funcionários da Casa Branca, do Tesouro e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
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