EUA entram em negociação sobre presos
Reuters
Diplomatas norte-americanos mantiveram contato ontem com parentes de presos políticos cubanos que relutam em se exilar na Espanha, no primeiro envolvimento visível de Washington com o processo de libertação de dissidentes na ilha. Segundo relato de pessoas envolvidas, os Estados Unidos estariam dispostos a conceder asilo a alguns dos 52 opositores que começaram a ser soltos na semana passada, por intermediação da Igreja Católica.
Cerca de 15 deles se negam a emigrar para a Espanha, o que era uma das condições previstas para a libertação. Parentes de presos desse grupo disseram que a Seção de Interesses dos Estados Unidos em Havana, que faz as vezes de embaixada devido à falta de relações diplomáticas formais, convocou uma reunião para ontem, mas o encontro foi suspenso por falta de local adequado.
Alejandrina García, mulher de Diosdado González, que cumpre pena de 20 anos de prisão, disse que um funcionário do governo norte-americano lhe comunicou que nos próximos dias será procurada para uma reunião individual. "Parece que se mal-interpretou alguma coisa, que se armou muita confusão", disse a mulher.
A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, afirmou que o compromisso de Raúl Castro de libertar um terço dos presos políticos é um "sinal positivo".
Encarado pela Espanha como uma chance de fazer a Europa retomar as conversações com Cuba, o envio de ex-presos do regime cubano ao país está se tornando um tiro no pé do governo de José Luis Rodriguez Zapatero.
Além de se aproximar da oposição, os cubanos lançaram ontem um manifesto contra a derrubada da Posição Comum um mecanismo que condiciona a relação dos europeus com Cuba ao cumprimento dos direitos humanos na ilha. Justo o contrário do que a Espanha pretendia ao intermediar a libertação dos presos com o governo de Cuba e a Igreja Católica.
"Pedimos aos europeus que não abrandem as sanções a Cuba e mantenham a Posição Comum", disse o dissidente cubano Ricardo González, que assinou uma carta "a todos os chanceleres europeus" junto a outros nove ex-presos enviados à Espanha.
"Fomos enganados pelo governo espanhol", disse o dissidente Julio Galvez, em alusão às condições em que foram recebidos em Madri. Eles estão hospedados em um albergue no subúrbio da capital até serem enviados a conjuntos habitacionais e devem receber status jurídico de imigrantes comuns, e não o de refugiados, como querem.
O Ministério de Assuntos Exteriores disse que está cumprindo todas as medidas combinadas no acordo com o governo cubano.
Críticas
Ao lado do Partido Popular (PP), que lidera a oposição a Zapatero, os cubanos disseram que vão levar a petição ao Parlamento Europeu. "O governo [espanhol] está percebendo a burrada que fez, porque os cubanos estão falando mais do que eles gostariam", disse o deputado Teófilo de Luis (PP).
O líder do PP, José Mariano Rajoy, principal adversário político de Zapatero, chamou os dissidentes para uma reunião a portas fechadas.
A presidente da comunidade autonômica de Madri, Esperanza Aguirre, também do PP, chamou de "um escândalo sem precedentes" o suposto descaso do governo com os cubanos.
O Partido Socialista Espanhol, de Zapatero, apontou "oportunismo" por parte do PP. Um diplomata admitiu, porém, que a equipe do chanceler Miguel Ángel Moratinos está preocupada com as recentes declarações dos cubanos.
Os 11 dissidentes que puderam partir para a Espanha fazem parte do chamado "Grupo dos 75", preso em 2003, que Cuba se comprometeu a libertar no prazo de três a quatro meses. Ontem, o governo chileno disse estar disposto a receber um dos dissidentes que devem ser libertados nas próximas horas, José Izquierdo.
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