Hans Asperger faleceu em 1980, aos 74 anos.| Foto: Reprodução YouTube/

O médico austríaco Hans Asperger, que deu o nome a uma forma de autismo – a Síndrome de Asperger –, participou ativamente do regime nazista, auxiliando no programa de eutanásia do Terceiro Reich e apoiando o conceito de higiene racial ao considerar que 789 crianças, de 2 a 5 anos, eram indignas de viver.

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A afirmação é de uma pesquisa realizada pelo cientista checo Herwig Czech, da Universidade de Medicina de Viena, publicada na revista Molecular Autism, após oito anos de pesquisa sobre o trabalho de Asperger.

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Asperger, falecido em 1980 aos 74 anos, é considerado pioneiro no campo da pediatria e psiquiatria infantil, particularmente por sua contribuição inovadora para a compreensão da síndrome de Asperger e do espectro do autismo.

Mas, ao desenterrar documentos anteriormente intocados de arquivos estatais, incluindo arquivos pessoais de Asperger e registros de casos de pacientes, o estudo afirma que o pediatra teria se alinhado tão intimamente à ideologia nazista – ainda que nunca tenha se filiado ao partido – que frequentemente encaminhava crianças para a clínica de Spiegelgrund, que foi montada para ser “local de coleta” daqueles que não se enquadravam no critério “digno de viver” do regime.

Entre as descobertas está uma foto de Herta Schreiber, de 3 anos, que sofria de encefalite e morreu de pneumonia três meses após sua admissão em Spiegelgrund. Asperger ordenou sua transferência porque “ela era um fardo insuportável para sua mãe” e foi considerada incurável. Uma parte do cérebro de Herta foi utilizada para pesquisa durante anos e encontrada no porão do laboratório de Asperger, no final dos anos 1990, e enterrada em 2002.

Não há evidências de que Asperger deliberadamente enviasse para a eutanásia pacientes com características psicológicas que ele chamava de “psicopatas autistas”. Mas seus diagnósticos eram praticamente uma pena de morte para muitos de seus pacientes. Asperger continuou trabalhando como médico por mais de três décadas.

A pesquisa não encontrou a atitude benevolente e o chamado “otimismo pedagógico” em relação aos pacientes, que seriam características dominantes em Asperger, segundo seus biógrafos. O austríaco mostra em seus prontuários, por outro lado, uma ausência de esperança de cura para as crianças que passavam por suas mãos.

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O autor do levantamento critica todos os autores que, ao longo de décadas, perpetuaram a narrativa de que Asperger estava de fato interessado na cura daquelas crianças. Ele também criticou uma das principais especialistas em autismo, Uta Frith, que, em seu livro, “Asperger and His Syndrome”, de 1991, que apenas citou o nazismo e defendeu Asperger, dizendo que ele teria preservado seus pacientes do regime opressivo.