Woody Allen: cinismo que não é cinismo.| Foto: Jean Paul Pelisser / Reuters

O presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que seu país é palco de um conflito travado "contra o eixo de resistência" a Israel, ao receber o chefe da diplomacia iraniana, Ali Akbar Salehi, que manifestou o apoio "ilimitado" do Irã ao regime da Síria.

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Enquanto isso, o Exército continua a bombardear os bairros rebeldes de Aleppo, a grande metrópole do norte, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que indicou um número provisório de 36 mortos nesta quarta-feira em todo o país.

O ministro iraniano, Ali Akbar Salehi, cujo país é o principal aliado regional de Damasco, manifestou "o apoio ilimitado" de Teerã "aos esforços feitos pelo governo sírio por segurança e estabilidade".

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Ele ressaltou ainda que o fim da crise será alcançado "unicamente no interior da família síria".

Assad afirmou que "a batalha que ocorre atualmente não é travada apenas contra a Síria, e sim contra todo o eixo de resistência" a Israel, de acordo com a agência oficial Sana.

Para os sírios, "o eixo de resistência" inclui a Síria, o Irã e seus aliados libaneses do Hezbollah e palestinos do Hamas e da Jihad Islâmica.

Durante o encontro, ambos denunciaram as "sanções injustas" dos ocidentais impostas à Síria e ao Irã.

Ao falar da reunião de segunda-feira no Cairo do "grupo de contato" regional sobre a Síria (Irã, Egito, Turquia e Arábia Saudita), Assad ressaltou que "a chave do êxito" dos esforços para uma solução depende "das intenções sinceras de ajudar a Síria, e também do respeito à soberania deste país e da recusa a intervenções estrangeiras".

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"Reservas" da oposição quanto ao Irã

O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, expressou suas "reservas" sobre a participação de Teerã no "grupo de contato", já que "o Irã está envolvido diretamente no que ocorre na Síria".

Vários países ocidentais e árabes acusam Teerã de fornecer ajuda militar para o regime de Assad, algo que o Irã nega. Teerã faz as mesmas acusações contra os ocidentais e vários países da região em relação aos rebeldes, principalmente Arábia Saudita e Turquia.

Nesta quarta-feira o Exército bombardeou vários bairros de Aleppo, incluindo Hanano, al-Chaar e Sakhour, assim como várias localidades da província, de acordo com o OSDH, que se baseia em relatos de militantes.

Em Damasco, após dois meses de intensos combates, acompanhados por bombardeios incessantes, os rebeldes anunciaram sua retirada dos bairros Hajar al-Aswad e Assali (sul), afirmou o OSDH.

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A Comissão Geral da Revolução Síria (CGRS) indicou que essas áreas, assim como Qadam, também no sul, foram devastadas. "Mais de 200 pessoas" foram mortas por forças do regime desde o início de setembro, de acordo com a comissão.

"Damasco está segura", "o Exército aniquila os terroristas em Aleppo", era a manchete do jornal Al-Watan, ligado ao poder. Desde o início da revolta, que se transformou ao longo dos meses em uma verdadeira guerra, as autoridades equiparam os rebeldes a terroristas apoiados por países do exterior.

As forças do regime também bombardearam as regiões de Deir Ezzor (leste), Latakia (noroeste), Hama e Homs (centro), segundo o OSDH.

No norte do país, os rebeldes, que controlam pelo menos três dos sete postos de controle na fronteira com a Turquia, conquistaram nesta quarta-feira o posto de Tall al-Abyad (sudeste), após violentos combates com o Exército, segundo uma autoridade turca e o ESL (Exército Sírio Livre, rebeldes).

Ataques "cegos" contra civis

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No momento em que o conflito já causou mais de 27.000 mortes, segundo o OSDH, a Anistia Internacional ressaltou que os civis, incluindo muitas crianças, foram as principais vítimas dos ataques "cegos" efetuados pelo Exército.

"Ataques perto do hospital logo depois da chegada de muitos feridos, ou contra filas de pessoas comprando pão, sugerem que tais ataques visam deliberadamente grandes concentrações de civis", disse a ONG, que fala de "crime de guerra".

Em uma entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal britânico The Times, o general Adnan Sillu, que desertou há três meses e é apresentado como o ex-chefe responsável pelo arsenal químico da Síria, afirmou que as autoridades sírias devem "utilizar, como último recurso", armas químicas contra a população.

O Exército israelense, que teme que as armas químicas de Damasco sejam transferidas ao Hezbollah libanês, realizou nesta quarta-feira um exercício de treinamento surpresa na região das Colinas de Golã ocupada por Israel.