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Milhares de sírios em áreas controladas pelo governo dirigiram-se a seções eleitorais na manhã desta quarta-feira (26) para votar em uma eleição presidencial que dará ao ditador Bashar Al-Assad um quarto mandato de sete anos. A eleição é a segunda desde que teve início o conflito que devastou o país, há dez anos, e foi considerada uma farsa pela oposição e por países ocidentais, incluindo os Estados Unidos.
"A chamada eleição presidencial do regime de Assad não é livre nem justa", disse o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, em um post no Twitter na quarta-feira. "Os EUA juntam-se à França, Alemanha, Itália e o Reino Unido no apelo à rejeição das tentativas do regime de recuperar a legitimidade sem respeitar os direitos humanos e as liberdades do povo sírio."
Dois outros candidatos concorrem ao cargo mais alto do país, embora a competição com Assad seja amplamente vista como simbólica. Eles são figuras pouco conhecidas: Abdullah Salloum Abdullah e Mahmoud Ahmad Marie.
"Não se espera que a eleição presidencial da Síria seja livre, justa ou legítima", disse Edward Denhert, analista sobre o Oriente Médio da "The Economist Intelligence Unit". Em nota, ele disse que a eleição simulada gerará nova condenação dos EUA e de algumas nações da União Europeia, aprofundando a crise entre a Síria e o Ocidente. "Consequentemente, o regime de Assad será forçado a se inclinar ainda mais em direção a seus apoiadores russos e iranianos, e cada vez mais em direção à China", disse Denhert.
Votação ilegítima
Nenhuma votação será realizada no nordeste da Síria, região controlada por curdos, ou na província de Idlib, no noroeste, que é o último grande reduto rebelde do país. Da mesma forma, em algumas partes das áreas controladas pelo governo, incluindo as províncias do sul de Daraa e Sweida, muitos rejeitaram a eleição chamando-a de "ilegítima".
No domingo, o primeiro-ministro sírio, Hussein Arnous, viajou para Sweida pela primeira vez em anos para se encontrar com autoridades locais. Há relatos de que ele foi recebido de forma negativa pela população, que se manifestou contra os gastos excessivos em campanhas pró-Assad na cidade, em um momento em que a região vive na pobreza.
A votação deste ano ocorre em meio ao péssimo desempenho da economia da Síria, que está em queda livre como resultado de sanções ocidentais, corrupção governamental e lutas internas, além do coronavírus e da crise financeira do Líbano, seu principal aliado.
Nos últimos três meses, as unidades de terapia intensiva em hospitais públicos de Damasco atingiram sua capacidade total devido a um forte aumento nas infecções por coronavírus, levando os médicos a transferirem pacientes para hospitais em outras províncias. Em março, Assad e sua esposa, Asma, testaram positivo para o vírus.