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O presidente sírio, Bashar Al Assad, disse neste sábado em Damasco ao enviado da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, que não será possível estabelecer um diálogo que ponha fim à crise do país enquanto houver "grupos terroristas armados" criando o caos.

Annan viajou neste sábado pela primeira vez a Damasco desde que ocupou o cargo, no final de fevereiro, para promover uma saída negociada ao conflito sírio.

No entanto, Assad rejeitou que um diálogo ou processo político possa ter êxito "enquanto existirem grupos terroristas armados que trabalham para propagar o caos e a instabilidade no país atacando civis e militares e sabotando propriedades públicas e privadas", segundo a agência oficial de notícias síria, "Sana".

Ainda assim, Assad expressou sua disposição de fazer "um autêntico esforço" para encontrar uma solução à crise.

Por sua vez, Annan destacou seu compromisso de trabalhar de uma maneira "justa, imparcial e independente", além de rejeitar a ingerência externa nos assuntos sírios, indicou a "Sana".

Em comunicado, a ONU ressaltou que Annan pediu a Assad que adote medidas concretas para pôr fim à "grave" situação registrada na Síria, além de apresentar várias propostas para deter a violência e os massacres.

O enviado apresentou propostas para o acesso das agências humanitárias e da Cruz Vermelha à Síria, a libertação de detidos e "o começo de um diálogo político global que enfoque as aspirações e preocupações legítimas do povo", diz a nota.

Depois da reunião com Assad, Annan se encontrou com o dirigente da oposição interna Abdul-Aziz al-Khair, a quem reconheceu que "a missão levará tempo", segundo explicou à Agência Efe o próprio líder do Conselho de Coordenação Nacional.

Segundo Khair, neste momento não é possível um diálogo com as autoridades, embora seja preciso trabalhar para que seja viável no futuro.

Para isso, "o regime deve cessar os ataques contra os civis" e permitir a chegada de ajuda humanitária às áreas que precisam, além de libertar os prisioneiros políticos, afirmou o opositor, que destacou que os corruptos e "aqueles que têm as mãos manchadas de sangue" deveriam ser julgados.

"Quando estes pontos forem cumpridos, poderemos nos sentar para dialogar", disse Khair.

Enquanto Annan visitava a Síria, no Cairo o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, acertava com seus colegas árabes um plano de cinco pontos para solucionar a crise síria, que vai ser apresentado ao Conselho de Segurança da ONU .

A proposta contempla a cessação da violência, "seja qual for sua origem", a criação de um mecanismo neutro que supervisione um cessar-fogo e a não-intervenção estrangeira, explicou o próprio Lavrov em entrevista coletiva.

Além disso, estipula a entrega de ajuda humanitária "sem obstáculos" e o respaldo à missão de Annan para lançar um diálogo entre Damasco e a oposição, baseado nas resoluções da ONU e da Liga Árabe.

O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil El Araby, antecipou que a iniciativa será apresentada ao Conselho de Segurança da ONU em uma nova tentativa da elaboração de uma resolução.

"A situação é complicada e difícil, a Liga Árabe não pode impor mais medidas. Com a Rússia e China podemos ir ao Conselho de Segurança, é o máximo que podemos fazer", disse El Araby.

A fórmula apresentada neste sábado é parecida com o plano chinês aceito há três dias pelo regime de Damasco, que inclui pontos similares.

"Nós levamos o assunto (da Síria) ao Conselho de Segurança e ele não foi aprovado por conta do veto, agora tentamos superá-lo e apresentá-lo novamente mediante a coordenação com todas as partes, incluindo a Síria", lembrou o responsável pan-árabe.

El Araby se referia ao veto russo e chinês de 4 de fevereiro a uma resolução que apoiava um plano de transição da Liga Árabe, que propunha, entre outros pontos, que Assad cedesse os poderes ao vice-presidente.

Moscou rejeitou na sexta-feira o novo projeto de resolução sobre a Síria proposto pelos Estados Unidos para ser aprovado no Conselho de Segurança da ONU, afirmando que não requer que ambas as partes em conflito adotem medidas para o fim da violência.

Enquanto isso, a violência continua na Síria, onde ao menos 63 pessoas morreram neste sábado pela repressão dos seguidores do regime, denunciaram os Comitês de Coordenação Local.

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