O presidente da Síria, Bashar al Assad, disse nesta quarta-feira (25) que uma saída para a crise de seu país passa primeiro pelo fim do apoio aos rebeldes por parte dos "países vizinhos", e também se mostrou cético sobre o resultado de uma cúpula em Genebra, auspiciada pela comunidade internacional.
Sem descartar que os Estados Unidos possam empreender uma ação militar contra seu país em represália pelo suposto uso de armas químicas por parte de seu governo, Assad apostou também no diálogo entre "todas as partes sírias" em conflito.
"Para uma ação política é necessário primeiro o fim do terrorismo e do fluxo de terroristas dos países vizinhos, assim como o fim do apoio a esses terroristas, seja logístico ou com dinheiro e armas", disse Assad em uma entrevista à emissora latino-americana "Telesur".
Em paralelo, classificou como "inevitável" um diálogo interno sobre o futuro do país, imerso em um enfrentamento entre grupos rebeldes e facções leais ao presidente.
Assad classificou a cúpula em Genebra, que é defendida por Estados Unidos, Reino Unido e Arábia Saudita, como um "passo necessário" para se chegar a uma saída negociada para a crise, mas também fez ressalvas.
"A convenção de Genebra é um passo necessário e importante para a abertura de um caminho para o diálogo entre os diversos grupos sírios, mas não substitui o diálogo interno na Síria e também não substitui a opinião do povo sírio", assinalou.
Além disso, sustentou que "não se chegará a um resultado prático se não for interrompido o apoio ao terrorismo".
O presidente voltou a negar que seu governo tenha usado armas químicas e acusou os rebeldes que querem derrubá-lo.
"Todas as provas indicam que foram os terroristas que usaram as armas químicas na periferia de Damasco", disse, após assinalar que "todos os indícios" mostram que seu governo "não as utilizou" e que aqueles que têm "interesse" em fazê-lo "são os terroristas".
Uma missão das Nações Unidas começou hoje uma nova inspeção na Síria para completar sua investigação sobre o uso de armas químicas durante o conflito no país, quase um mês depois de sua visita anterior.
Durante a visita de agosto, os inspetores encontraram "provas claras e convincentes" do uso de gás sarin no ataque do dia 21 desse mês no distrito de Guta, na periferia de Damasco, onde morreram mais de mil pessoas, segundo a oposição síria e relatórios americanos.
O regime de Assad negou ter cometido esse ataque, e acusou os rebeldes, apesar das acusações dos Estados Unidos, que quase autorizou uma intervenção militar na Síria.
O presidente americano, Barack Obama, disse na terça-feira em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas que não acredita que uma ação militar leve à "paz duradoura" na Síria.
Segundo Obama, é necessária "uma forte resolução" do Conselho de Segurança da ONU para assegurar que as armas químicas não serão usadas na Síria, nem em nenhum outro país, e "verificar" se Assad está cumprindo com seus compromissos.
Após o acordo em Genebra entre EUA e Rússia para destruir o arsenal químico sírio, os EUA querem agora uma resolução que invoque o Capítulo 7 da Carta da ONU, que abriria a porta para sanções e, inclusive, o uso da força, caso o regime sírio não cumpra com os termos do pacto.
Obama voltou a insistir que os Estados Unidos consideram que está provado que o regime sírio usou armas químicas contra civis no ataque do dia 21 de agosto e enfatizou que seria "um insulto à razão humana" pensar o contrário.
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