O ditador sírio, Bashar Assad, disse ontem em entrevista veiculada pela tevê estatal que suas forças de segurança obtêm progressos contra a revolta popular no país, que já dura cinco meses, e negou que seu regime corra riscos. Foi a quarta aparição pública desde o início dos protestos contra o regime, que já dura 40 anos.
Na entrevista, Assad disse ainda que os pedidos ocidentais para que deixe o poder "não têm valor", e que a situação "parece perigosa, mas que seu governo está conseguindo lidar com ela".
"Essas declarações não deveriam ser feitas para um presidente que foi escolhido pelo povo sírio e que não foi colocado no gabinete pelo Ocidente, um presidente que não foi feito nos Estados Unidos".
Na quinta-feira, o presidente americano, Barack Obama, e seus aliados ocidentais exigiram a saída do ditador sírio, e defenderam a adoção de fortes sanções contra Damasco, incluindo um congelamento de bens e a proibição de investimentos dos EUA na Síria.
O Reino Unido, a França, a Alemanha e Portugal confirmaram que buscariam uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra a Síria, por sua violenta repressão aos protestos.
O ditador disse que espera realizar eleições parlamentares no país em fevereiro de 2012, e prometeu também implementar reformas na Síria. Segundo ele, um comitê será criado para analisar as mudanças, mas levará ao menos seis meses para funcionar.
"Estamos em um período de transição. Mudanças serão implementadas após o Ramadã [mês sagrado muçulmano]", afirmou Assad. No entanto, ele não deixou claro quais seriam as mudanças.
Ao falar sobre a imprensa, o ditador afirmou que a mídia terá um "papel importante na transição", atuando como um "elo de ligação entre o governo e os sírios", mas que o país precisa de "uma imprensa responsável".
O regime de Assad está cada vez mais isolado e enfrenta forte pressão da comunidade internacional.