Imagem de Bashar al-Assad é exposta na fachada de um prédio do governo em Damasco| Foto: Khaled al-Hariri/Reuters

Fidelidade

Apoio do Exército é principal trunfo para garantir estabilidade

Efe

Em entrevista a uma televisão árabe, o presidente Bashar al-Assad apresentou seu diagnóstico sobre o ocorrido na Síria, onde, na sua opinião, houve três períodos: o primeiro, de manifestações que pediam reformas; o segundo, quando infiltraram grupos armados entre os manifestantes; e o terceiro, da irrupção da Al-Qaeda no território sírio.

Perante estes sintomas, a receita de sua permanência no poder foi revelada em um encontro com um canal americano. "Na Síria há estabilidade porque o Exército não está dividido, se estivesse não haveria", explicava o chefe de Estado, consciente que seu grande trunfo é a instituição militar, dirigida por oficiais próximos ao regime pertencentes à seita alauita, à qual ele mesmo faz parte.

Também foi cumprido com todo rigor o plano de reformas que ele mesmo esboçou em 2011, quando antecipou que haveria eleições parlamentares e uma nova Constituição antes do pleito presidencial em 2014.

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Insatisfação

Artistas usam redes sociais para protestar contra o regime

Efe

O grupo "Masasit Mati", formado por dez artistas que permanecem no anonimato, expõe episódios de uma sátira política que foi divulgada nas redes sociais e na qual o ditador Bashar al-Assad aparece como uma marionete.

O Facebook foi a plataforma escolhida pelo coletivo No para mostrar uma série de fotografias na qual se utiliza o corpo humano com um braço vendado para formar em árabe a palavra que dá nome ao grupo.

Os cineastas do grupo Abounaddara, cujos filmes participaram de festivais como a Mostra de Veneza, optaram por realizar curtas-metragens centrados em histórias cotidianas, além dos confrontos que captam a atenção da mídia.

Outra forma de protesto são os retratos realizados por Jaber al Azmeh, que expôs na Forum Factory de Berlim, e nos quais retratou sírios sustentando um exemplar do jornal oficial do regime Baath sobre o qual tinham escrito mensagens como "Amamos todos eles", em referência aos desaparecidos.

Visibilidade

Agora que se encontra em plena campanha eleitoral, Assad aumentou suas aparições em público na qual se mostra magnânimo e protetor. Em algumas, o presidente é acompanhado por sua esposa Asma, com a qual tem três filhos, e junto a quem tenta passar uma imagem de modernidade e moderação frente "aos inimigos da nação".

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Apoiadoras do presidente, que divide a população síria entre a admiração e o ódio

O presidente sírio, Bashar al-Assad, que apresentou na última segunda-feira sua candidatura para um terceiro mandato, demonstrou ser um mestre da sobrevivência e conhecedor das rédeas do poder apesar da guerra.

Não se sabe se Assad, um oftalmologista de profissão que quando chegou ao poder parecia um homem com pouco carisma e de disposição moderada, é um Maquiavel que manipula ou a face visível de um sistema inexpugável.

Seja como for, Assad se valeu de um ferrenho sistema político construído por seu pai, Hafez al-Assad, de quem herdou o cargo após sua morte em 10 de junho de 2000, para se manter no posto. Sua pessoa movimenta paixões entre os sírios, que o odeiam ou o idolatram, dependendo da simpatia ou inimizade com o regime, embora exista uma grande massa que simplesmente quer viver em paz.

Frente à rigidez de seus discursos, nas entrevistas que concedeu nos últimos três anos, o líder se exibiu sempre relaxado, e inclusive sorridente, sabedor da idiossincrasia da sociedade síria. "A maioria dos sírios está no meio e depois tem gente que te apoia e gente que é contra. Portanto, a maioria sempre está no meio, o que não significa que esteja contra", dizia em um desses discursos, nos quais costuma dominar a retórica com grande habilidade.

Reformas

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Apesar de defender contra tudo e contra todos que seu país enfrenta uma luta contra o terrorismo e de ter dado ordem para que os tanques acossassem os manifestantes, admitiu que o sistema político de seu país não é democrático e que reformas são necessárias.

"Há diferença entre ditador e ditadura. A ditadura é um sistema e nunca dissemos que foi uma democracia, mas estamos nos movimentando rumo às reformas (...) Sobre minha pessoa, o que faço deve se basear na vontade do povo, porque é preciso legitimidade popular", afirmava em dezembro de 2011.

Barbárie do conflito sírio é retratada em obras de arte

Efe

A arte que sobrevive à barbárie da Síria, graças aos criadores que continuam trabalhando, apesar das revoltas de 2011 que geraram uma guerra civil, chega a Paris com uma exposição no Institut des Cultures d’Islam (Instituto de Culturas do Islã). Os vídeos, as fotografias e as pinturas levam a assinatura de 15 artistas que retratam, às vezes com humor ácido e, outras, com dureza, o horror da violência que castiga um país destruído.

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Como diz o título da mostra, "Et pourtant ils créent! Syrie: la foi dans l’art" ("E ainda assim criar! Síria: a fé na arte"). Apenas um dos artistas, Fadi Yazigi, cujas peças viajaram às feiras de arte contemporânea de Paris e de Dubai, continua vivendo em Damasco, onde a falta de recursos os levaram a usar sacos de farinha como telas, contou a diretora do museu, Elsa Jacquemin.

Exílio

Os outros trabalham do exílio, e suas obras refletem que tudo mudou. Alguns modificaram os temas que tratam, enquanto outros mudaram os tons e as técnicas usadas, apostando em muitos casos no uso dos meios digitais.

Akram al Halabi deixou os pincéis para se dedicar a escrever sobre uma série de fotografias de massacres da Síria. No caso de Mohammed Omran, cujos desenhos abordam o corpo humano doente, as cores dos primeiros filmes empalideceram e em seus últimos trabalhos o branco e o preto se apossam das imagens.

Biografia Nascido em 11 de setembro de 1965 em Damasco, Assad estudou Medicina e se especializou em oftalmologia na capital síria e Londres, onde cursou pós-graduação. Em 1994, foi chamado por seu pai, o então presidente Hafez al-Assad, após a morte de seu irmão mais velho Basel em um acidente de trânsito. A partir de então, Bashar foi subindo na carreira militar com o apoio paterno. Depois da morte do pai, que governou durante quase três décadas, foi declarado presidente pelo parlamento após um referendo popular no qual recebeu aprovação de 97,29% e jurou o cargo em 17 de julho de 2000. Foi reeleito em 2007.

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