O horrível caso que aconteceu no fim de semana, culminando na morte da adolescente muçulmana Nabra Hassanen, provocou protestos de defensores das liberdades civis e seus apoiadores para investigar sua morte como um possível crime de ódio.
As autoridades da polícia da Virgínia disseram inicialmente que não há indicação de que a jovem de 17 anos tenha sido alvo por causa de sua religião, e que sua morte foi um "discussão no trânsito", enquanto ela e um grupo de outros adolescentes caminhavam voltando para uma Mesquita no início do domingo.
Porém, a família de Nabra afirma de que ela foi raptada e morta porque ela estava usando roupas islâmicas. O crime aconteceu depois que o grupo tinha saído para comer durante a noite, no meio de sua observância no Ramadã. Ela estava vestindo uma roupa longa conhecida como “abaya”.
Quase 12 mil pessoas assinaram uma petição pedindo investigações estaduais e federais sobre o assassinato da jovem como um crime de ódio.
Uma organização muçulmana de direitos civis e advocacia criticou a polícia na terça-feira (20), por divulgar muito cedo o motivo do crime como um “ataque na estrada”, e disse que o assassinato deve ser visto no contexto de um aumento dos crimes de ódio visando os muçulmanos em todo o país.
De acordo com a polícia, Darwin Martinez Torres, um pedreiro de 22 anos, discutiu com um jovem em uma bicicleta, que também fazia parte do grupo dos muçulmanos, antes de saltar uma calçada com seu carro e perseguir os outros adolescentes. Foi então que ele se aproximou de Nabra e a perseguiu por um estacionamento com um bastão de beisebol, raptando e matando a jovem mais tarde. Em poucas horas, o assassino retornou a cena do crime, onde foi preso pela polícia.
Seu espancamento, rapto e homicídio eram claramente atos odiosos, mas trazer acusações formais de crimes de ódio é mais complicado. Provar um crime de ódio no tribunal exige mostrar um viés explícito, que uma pessoa estava motivada, por exemplo, pela religião, etnia, origem ou gênero da vítima.
O corpo de Nabra foi encontrado em uma lagoa no domingo à tarde com base em pistas que a polícia não detalhou.
A polícia do condado de Fairfax disse, em uma coletiva de imprensa na segunda-feira (19), que as evidências não apontam que o assassino estava motivado a matar Nabra por causa de sua religião.
A maioria dos casos de crimes de ódio são tratados por promotores estaduais e geralmente carregam penalidades mais rígidas. Quarenta e cinco estados, e no Distrito Federal possuem leis específicas de crimes de ódio. Mas a maioria difere sobre o quais crimes são considerados como tal, e alguns deixam aos juízes decidirem essas penas pesadas no momento da sentença.
O estatuto do crime de ódio da Virgínia inclui elevação de pena por crimes motivados por raça, religião e etnia. A lei da Commonwealth não é tão abrangente quanto as medidas em Maryland, ou de Washington, que também cobrem tendências relacionadas ao gênero, orientação sexual, deficiência e identidade de gênero, de acordo com a Liga Antidifamação.
As acusações federais de crimes de ódio geralmente carregam penas ainda mais severas do que os estatutos estaduais. Procuradores federais do norte da Virgínia não abriram uma investigação até o momento.
Além do castigo mais pesado, anexar formalmente o rótulo do crime de ódio no tribunal pode sinalizar para a comunidade mais ampla que certos crimes hediondos são diferentes por causa do impacto pretendido.
O pai de Nabra disse aos detetives acreditar que sua filha foi morta por causa de sua religião. “Por que ele estava correndo atrás das crianças vestindo roupas islâmicas com um taco de baseball? Por que quando minha filha caiu ele a atingiu? Com qual motivo?”, Disse Mohmoud Hassanen.
"Nós não conhecemos esse cara. Ele não nos conhece. Não odiamos ninguém por religião ou cor. Ensino meus filhos a amar a todos ", finalizou o pai da garota.