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O promotor chileno Héctor Barros declarou nesta quinta-feira (11) que o assassinato do ex-tenente venezuelano Ronald Ojeda Moreno foi meticulosamente planejado na Venezuela.
O corpo de Ojeda foi descoberto em circunstâncias macabras no dia 1º de março, oculto dentro de uma mala e enterrado em concreto na comuna de Maipú, em Santiago, no Chile.
Barros, que lidera o Departamento de Crime Organizado e Homicídios de Santiago, descartou veementemente qualquer outra possibilidade que não seja a de um crime político.
“Nós sustentamos que este foi um sequestro organizado e solicitado, seguido pelo homicídio do senhor Ojeda, desde a Venezuela”, afirmou ele, reforçando a natureza política do crime.
O promotor também eliminou a hipótese do envolvimento de Ojeda em atividades ilícitas, concentrando-se na única tese restante: a de um assassinato político.
“Até agora não tenho outro precedente que nos mostre, que nos aponte para o outro lado”, disse Barros.
A destreza e o nível de organização do crime chamaram a atenção das autoridades chilenas, especialmente pelo fato de os perpetradores terem se disfarçado de policiais e enterrado a vítima a uma profundidade de 1,40 metros, selando o local com cimento – uma ocultação de cadáver nunca antes vista nos homicídios realizados pela facção criminosa Trem de Aragua, que atua na Venezuela, e que é apontada como a autora do assassinato.
Até o momento, o único detido pelo crime foi um adolescente venezuelano de 17 anos. Segundo as autoridades, ele pertence ao grupo criminoso Trem de Aragua.
A identidade do mandante do assassinato de Ojeda, no entanto, permanece um mistério, com suspeitas apontando para o regime de Nicolás Maduro. A família de Ojeda e dissidentes venezuelanos também expressaram suspeitas semelhantes.
Josmarghy Castillo, esposa da vítima, compartilhou recentemente os horrores vivenciados durante o sequestro de seu marido, ocorrido na madrugada de 21 de fevereiro.
Castillo contou que homens armados, fingindo ser policiais, invadiram sua casa e levaram Ojeda, que estava apenas de roupa íntima. “Fique tranquila”, foram as últimas palavras que ele me disse”, relatou ela, descrevendo os momentos finais de seu marido antes do sequestro.
O caso Ojeda gerou uma resposta imediata do governo chileno, que está investiando ativamente o caso, sem descartar o envolvimento de Maduro. A oposição venezuelana, reunida na Plataforma Unitária Democrática (PUD), exigiu que o Chile aprofunde ainda mais as investigações e puna todos os responsáveis, tanto materiais quanto intelectuais, pela morte do ex-militar.