O assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moïse, nesta quarta-feira (7) gerou comoção da comunidade internacional e pedidos para que o país mantenha a unidade política neste momento crítico.
A Secretaria-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou o "assassinato político" e disse que o caso é uma "tentativa de minar a estabilidade institucional do país". A OEA também descreveu o ocorrido como "uma afronta a toda a comunidade das nações democráticas" da região.
"Condenamos nos mais fortes termos o assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moise, ato criminoso ocorrido na madrugada de hoje", declarou a nota. "Desentendimentos e desacordos fazem parte de um sistema de governo vigoroso e sólido. Os assassinatos políticos não têm lugar em uma democracia. Pedimos o fim de uma política irresponsável que ameaça inviabilizar os avanços democráticos e o futuro do país", acrescentou a nota oficial.
Por fim, a OEA expressou sua "solidariedade ao povo haitiano neste momento difícil" em face desta "tentativa de minar a estabilidade institucional do país".
Repercussão entre líderes de países
Um dos primeiros a se manifestar foi Luis Abinader, presidente da República Dominicana, vizinha do Haiti. "Este crime viola a ordem democrática do Haiti e da região. Nossas condolências a suas famílias e ao povo haitiano", disse Abinader em uma mensagem no Twitter. Diante do ocorrido, Abinader ordenou o fechamento das quatro passagens de fronteira com o Haiti e ordenou o reforço da vigilância na área, segundo um responsável do Corpo Especializado de Segurança Fronteiriça Terrestre (Cesfront).
O presidente da Colômbia, Iván Duque, que recentemente escapou ileso de um ataque a tiros contra seu helicóptero, rechaçou o assassinato, classificando-o como "um ato covarde e bárbaro contra todo o povo haitiano". Duque afirmou que a Colômbia apoia as instituições e a democracia, e por isso solicitou "à Organização dos Estados Americanos (OEA) uma missão urgente para proteger a ordem democrática" no Haiti.
Na Venezuela, o líder opositor Juan Guaidó enviou mensagem em apoio ao Haiti. "Repudiamos o assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moïse. Somos solidários com o povo haitiano e os acompanhamos neste momento difícil. Não esquecemos o apoio do Haiti à nossa causa democrática", disse Guaidó em mensagem postada no Twitter.
O governo argentino expressou seu "mais enérgico repúdio" ao assassinato do presidente do Haiti. "A Argentina espera que a paz e a tranquilidade sejam recuperadas em breve no país e pede respeito às instituições democráticas", disse em nota a chancelaria argentina. A Casa Rosada também fez "um apelo para que os autores do crime sejam rapidamente identificados para que possam ser responsabilizados por seus atos".
No Equador, o presidente Guillermo Lasso disse que o crime foi um ato "desumano, covarde e bárbaro". "Nossas sinceras condolências a seus entes queridos e a todo o povo haitiano". O apoio ao Haiti também veio do Chile, em uma declaração do presidente Sebastián Piñera. O presidente chileno fez ainda um apelo à "unidade e paz para fortalecer a democracia" e assim poder "encontrar uma saída para a grave crise" que atravessa o país, o mais pobre da América Latina.
Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, também lamentou a morte de Moïse, lembrando que o haitiano esteve no ato de sua posse como presidente do México em dezembro de 2018, acompanhado de sua esposa, Martine Moïse.
Os Estados Unidos disseram que o assassinato do presidente haitiano foi um "crime espantoso". O governo americano também anunciou que está obtendo informações sobre o caso. "Estamos prontos e preparados para oferecer qualquer assistência que seja necessária", afirmou Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, em entrevista concedida à emissora americana de televisão CNN.
Além disso, a porta-voz informou que o presidente americano, Joe Biden, será informado nesta manhã sobre a situação do Haiti, antes de embarcar em viagem para o estado de Illinois, onde participará de um evento. Em Porto Príncipe, capital haitiana, a embaixada dos EUA ficará fechada devido à "atual situação de segurança", segundo informa uma postagem publicada no Twitter da delegação americana no país.
Mais tarde, Biden disse que o assassinato "atroz" é um "sinal muito preocupante" do estado da crise política no Haiti. "Precisamos de muito mais informações, mas é (um sinal) muito preocupante sobre como as coisas estão no Haiti", disse Biden, antes de embarcar no helicóptero para uma viagem a Illinois, afirmando também que os EUA estão "preparados para ajudar" na tentativa de "trabalhar por um Haiti seguro".
Fora da América, o alto representante de Política Externa da União Europeia (UE) , Josep Borrell, disse que ficou "chocado" com o assassinato do homem que tinha conhecido pessoalmente há poucas semanas. Ele advertiu também que o caso poderia promover uma "espiral da violência" no país.
A Espanha também se manifestou sobre a morte. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, fez "um apelo à unidade política para sair deste terrível transe que está sofrendo um país com o qual temos muitos laços culturais e de fraternidade".