A Assembléia Geral da ONU aprovou nesta quarta-feira (8) a solicitação da Sérvia para consultar um tribunal da própria ONU sobre a legitimidade da secessão de Kosovo, o que segundo países ocidentais pode retardar a integração kosovar na comunidade mundial.
A independência de Kosovo, declarada em 17 de fevereiro pela maioria albanesa da região, já foi reconhecida por 48 países, inclusive EUA e vários membros da União Européia. A Sérvia e sua aliada Rússia, entretanto, mantêm sua oposição.
A Corte Internacional de Justiça, em Haia (Holanda), deve levar de um a dois anos para emitir uma opinião. Belgrado diz que a busca por um parecer neutro vai reduzir a tensão, mas os separatistas vêem nisso uma manobra para desestimular outros países a reconhecerem imediatamente a independência.
A Assembléia Geral da ONU, onde todos os países têm assento, aprovou a medida por 77 votos, com 6 votos contrários (inclusive dos EUA e da Albânia) e 74 abstenções. Entre os 27 países da UE, a maioria se absteve, mas Chipre, Eslováquia, Romênia, Grécia e Espanha votaram com a Sérvia.
Rosemary DiCarlo, representante dos EUA, declarou que a solicitação sérvia era "desnecessária", pois "a independência de Kosovo é irreversível."
O embaixador britânico, John Sawyers, disse depois de se abster que o resultado na verdade foi ruim para a Sérvia. "Mais países se sentiram incapazes de apoiar a resolução (abstendo-se ou votando 'não') do que aqueles que votaram a favor dela, e isso incluiu muitos dos países com os quais a Sérvia terá de trabalhar muito proximamente se alcançar seu objetivo de aderir à União Européia".
Em Pristina, capital de Kosovo, o presidente Fatmir Sejdiu leu a jornalistas uma nota lamentando a decisão. "Ela não ajudará nas tentativas de promover a estabilidade em longo prazo em Kosovo e na região. A independência de Kosovo é um fato irreversível."
O chanceler sérvio, Vuk Jeremic, agradeceu o apoio da Assembléia e, num aceno para a UE, disse que não há oposição a uma presença policial do bloco europeu em Kosovo, "desde que seja neutra".
Ele também deixou claro que a Sérvia não vai tolerar que outros países da região, como a ex-república iugoslava de Montenegro, reconheçam a independência kosovar. "Se países violarem nossa integridade territorial, teremos de reagir", afirmou, sem entrar em detalhes.
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