A mídia estatal cubana disse que a Assembleia Nacional do país vai eleger o novo presidente nesta quarta-feira (18), mas o anúncio da substituição de Raul Castro só ocorrerá no dia seguinte. O jornal Granma, do Partido Comunista, noticiou que o congresso começou a se reunir às 9 horas para selecionar os líderes do legislativo antes de votar no presidente e nos outros membros do Conselho de Estado, o órgão governamental mais alto do país.
A votação secreta será contabilizada pela Comissão Nacional Eleitoral e o resultado sai no dia 19 de abril.
Leia também: Transição no governo cubano pode não mudar relação do país com os Estados Unidos
O processo de dois dias é incomum para a Assembleia Nacional Cubana, que geralmente demora apenas um dia para selecionar o presidente. Diaz-Canel assume o cargo de Castro, que deixa a presidência depois de dois mandatos de cinco anos. O irmão de Raul, Fidel Castro, foi o primeiro-ministro, presidente e ditador do país de 1959 até 2006, quando adoeceu.
Diferente
Diaz-Canel será o primeiro líder de Cuba sem o sobrenome Castro desde 1959, quando Fidel assumiu o posto de primeiro-ministro. Ele foi empossado como vice-presidente de Raul Castro em 2013 e manteve uma imagem discreta desde então. Começou a carreira como professor e construiu sua reputação como um funcionário público incansável.
Leia também: Castro deixa o poder: algo muda em Cuba para nada mudar
Aos poucos, foi ocupando cargos mais altos dentro do Partido Comunista e ficou conhecido pela atuação política local, o incentivo às minorias de lésbicas, gays e transexuais do país e também por ser um adepto da tecnologia - realizou uma reforma nos currículos das universidades quando foi ministro do ensino superior, introduzindo a tecnologia da computação nos programas de muitos cursos. Além disso, foi o primeiro funcionário de alto escalão a levar um laptop às reuniões do partido.
Especialistas enxergam seu posicionamento discreto como uma estratégia para sobreviver dentro de um sistema administrado por revolucionários-autoritários que estão envelhecendo e destruíram as carreiras de políticos jovens proeminentes. Agora que vai ocupar os holofotes tem o desafio de não apenas ler os documentos escritos e aprovados pelo partido, mas de expressar ideias.
Leia também: Jovens veem com apatia transição na ditadura cubana
Conforme explicou o ex-vice-ministro de Relações Exteriores José Raul Viera Linhares, Diaz-Canel deverá se tornar mais um protagonista do que um coadjuvante. "Não é mais suficiente ser um administrador. Inevitavelmente ele terá que evoluir e se tornar um líder."
Com informações da Associated Press.