A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) qualificou no sábado o governo venezuelano de ``mentiroso'' e de ser ``uma palhaçada,'' acusando-o de ter instigado o golpe fracassado de 2002 contra o presidente Hugo Chávez.
O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Gonzalo Marroquín, criticou também a decisão de Chávez de não renovar a licença do canal privado Radio Caracas Televisión (RCTV).
``A SIP, em nenhum momento, deixou de defender a liberdade de imprensa,'' disse Marroquín, diretor do jornal guatemalteco Prensa Libre, em referência ao papel do organismo durante o incidente de abril de 2002, que tirou o presidente venezuelano do poder por algumas horas.
Caracas justificou sua decisão ``irreversível'' de não renovar a licença da RCTV, que vence no final de maio, pelo fato de o canal ter se mostrado a favor do golpe de Estado.
A situação da imprensa na Venezuela é um dos temas abordados pela SIP, que representa os principais jornais da América Latina, em um encontro que está realizando no balneário colombiano de Cartagena.
Na sexta-feira passada, o ministro venezuelano do Poder Popular para a Comunicação e Informação, William Lara, pediu desculpas à SIP por haver ``ajudado'' o golpe de 2002.
Por sua vez, o diretor geral da RCTV, Marcel Granier, disse em entrevista à imprensa que, apesar da ameaça de fechamento, ele acredita que Chávez voltará atrás e mudará sua decisão, que deixaria sem emprego cerca de 8 mil pessoas.
``Esta é uma oportunidade para que o presidente Chávez demonstre quais são suas verdadeiras intenções. Se ele é, como diz ser, um líder democrático do socialista do século 21, retificará a medida,'' declarou.
``Se é mais um autocrata, um ditador mais populista, dentre esses que infestaram a América Latina e que a encheram de pobreza, miséria e desemprego, decretará o fechamento,'' disse o diretor do canal venezuelano.