Um taikonauta chinês protagonizou neste sábado (27), o primeiro passeio espacial do país, em mais um marco importante do ambicioso programa da China de se rivalizar com os EUA e a Rússia na corrida pela conquista do espaço. Na China, os astronautas são chamados taikonautas e na Rússia, cosmonautas.
O comandante da missão, Zhai Zhigang, saiu da nave espacial Shenzhou 7 pela escotilha e flutuou fora do módulo orbitador. O passeio foi transmitido, ao vivo, pela emissora CCTV. Atado ao módulo de órbita, Zhai ficou do lado de fora por cerca de 13 minutos antes de voltar para o aparelho e fechar a escotilha. "Saudações a todos os cidadãos da China e a todas as pessoas do mundo" disse Zhai, um piloto de jatos aéreos de 41 anos.
O seu companheiro da missão, o astronauta Liu Boming, também saiu, por um breve momento, da cápsula para entregar a Zhai uma bandeira chinesa, com a qual ele acenou para uma câmera que estava filmando o evento. O terceiro membro da tripulação, Jin Haipeng, monitorou a nave do interior do módulo de reingresso.
Autoridades do primeiro escalão do Partido Comunista chinês, incluindo o presidente Hu Jintao, assistiram à caminhada do primeiro chinês no espaço em um centro de comando em Pequim e aplaudiam cada vez que era concluída uma etapa da manobra com sucesso.
"O seu sucesso representa um novo atalho em nosso programa espacial tripulado, disse Hu, em uma troca de mensagens com o takonauta, que também foi transmitida ao vivo pela TV. "A mãe terra e seu povo são gratos a você", afirmou Hu, que chefia o poderoso Partido Comunista e os comitês militares governamentais que supervisionam o programa espacial.
O bem-sucedido passeio espacial abre caminho para a montagem de uma estação espacial a partir dos dois módulos orbitais Shenzhou, a próxima grande meta do programa de lançamentos espaciais tripulados da China. O governo chinês também está tentando fazer uma exploração lunar e pretende levar um homem à Lua na próxima década - provavelmente antes do objetivo da Nasa de retornar à Lua em 2020.
A China lançou sua primeira missão tripulada, a Shenzhou 5, em 2003, tornando-se o terceiro país a colocar um homem no espaço, após os EUA e a Rússia. Uma outra missão com dois homens ocorreu em 2005.
Além de sua lista cada vez maior de conquistas, o programa espacial com apoio militar chinês tem se tornado, progressivamente, menos secreto e autoridades têm sinalizado, nos últimos dias, o desejo de obterem uma cooperação mais ampla com outros países. A cooperação espacial da China com outras nações tem sido limitada até agora e os EUA têm rejeitado um envolvimento dos chineses na estação espacial internacional por temerem que eles possam ter acesso a segredos técnicos aplicáveis à sua indústria de armamentos.
Um membro oficial do programa espacial chinês afirmou, mais cedo, que técnicos russos assistiriam ao passeio no espaço deste sábado, mas não estava claro qual seria o papel deles.
Desde a decolagem da base de lançamentos de Jiuquan, no noroeste da China, na sexta-feira, os tokonautas vinham se ocupando com os preparativos de suas vestimentas e à adaptação à gravidade zero. Câmeras colocadas no veículo de reingresso mostraram eles trabalhando para zerar a lista de pendências e cochilando, enquanto mostraram ainda que as refeições dentro do módulo se adequaram ao típico menu chinês, o que incluiu versões de franco xadrez, camarões e frutas secas, de acordo com informações da Agência de Notícias Xinhua.
Na sexta-feira, a cápsula de três módulos mudou de uma órbita oval para uma órbita circular mais estável a 213 milhas (343 quilômetros) acima da Terra. A mudança garantiu que a força gravitacional da Terra não variaria muito durante a tentativa de caminhada e ajudará a Shenzhou a fazer uma aterrissagem precisa no estepe da Mongólia neste domingo, informou a agência Xinhua. As informações são da Associated Press.