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Astrônomos descobrem estrutura oculta na Via Láctea

Um grupo de astrônomos acaba de descobrir uma estrutura oculta na Via Láctea que pode ajudar a melhorar a compreensão sobre as origens e evolução de nossa e outras galáxias. Com base em observações feitas com o telescópio Vista, do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, os cientistas encontraram uma inesperada população de estrelas jovens no centro da Via Láctea, região onde antes se achava abrigar apenas astros já envelhecidos.

“Acreditava-se que o bojo central da Via Láctea era constituído por um vasto número de estrelas velhas, mas os dados do Vista revelaram algo novo, e muito jovem para os padrões astronômicos”, diz Istvan Dékány, da Pontifícia Universidade Católica do Chile e líder da pesquisa, publicada em artigo nesta quarta-feira (28) no periódico científico “Astrophysical Journal Letters”.

Realizado entre 2010 e 2014, o Levantamento Vista de Estrelas Variáveis da Via Láctea (VVV) usou a capacidade do telescópio em observar vastas extensões do céu na faixa do infravermelho, e assim “enxergar” através das nuvens de gás e poeira espalhadas pela galáxia que bloqueiam a luz visível, para revelar um imenso número de novos objetos.

E entre estes está uma grande quantidade de estrelas que apresentam alterações regulares em seu tamanho, temperatura e brilho, conhecidas como variáveis cefeidas.

Identificadas pela primeira vez ainda no século 18, as variáveis cefeidas “pulsam” em períodos que podem variar de alguns dias a meses segundo um padrão que depende de sua luminosidade, numa característica que só foi calculada em 1908 pela astrônoma americana Henrietta Swan Leavitt.

A partir disso, estas estrelas se tornaram uma das principais “réguas” usadas pelos cientistas para medir as grandes distâncias do espaço, levando a descobertas importantes como o tamanho de nossa galáxia e o fato de que o próprio Universo está se expandindo.

Estrelas jovens

Nos dados do Vista, os astrônomos liderados por Dékány encontraram 655 candidatas a serem definidas como variáveis cefeidas. Nem todas estas estrelas pulsantes, no entanto, são iguais, sendo divididas em dois subgrupos principais, as chamadas “cefeidas clássicas”, jovens e muito brilhantes, e as cefeidas “tipo II”, muito velhas, tênues e pouco maciças, e bem mais comuns.

Assim, do número inicial de candidatas, os cientistas confirmaram que 35 delas, todas a distâncias que as colocam dentro do bojo central da Via Láctea, eram de fato cefeidas clássicas. E como o ritmo de pulsação destas estrelas também depende de sua idade, eles puderam demonstrar que elas são extremamente jovens em termos astronômicos.

“Todas 35 cefeidas clássicas descobertas têm menos de 100 milhões de anos de idade”, conta Dante Minniti, pesquisador da Universidade Andres Bello, também no Chile, e coautor do estudo.

Segundo os astrônomos, as idades destas cefeidas clássicas são uma sólida evidência de que há um antes desconhecido e contínuo suprimento de estrelas recém-formadas na região central da Via Láctea. O estudo, no entanto, não parou por aí. Ao mapearem as cefeidas descobertas, os pesquisadores identificaram a existência de um fino disco de estrelas jovens no bojo central da nossa galáxia, que só pôde ser visto justamente pela capacidade do Vista em “enxergar” na faixa do infravermelho.

“Esta parte de nossa galáxia era completamente desconhecida até que o VVV a encontrou”, destaca Minniti.

Segundo os astrônomos, estudos adicionais precisarão ser feitos para determinar se estas cefeidas clássicas se formaram perto dos locais onde estão agora ou têm suas origens em partes mais distantes do bojo central da Via Láctea. Segundo eles, entender as características destas estrelas e como elas foram parar ali ajudará a responder questões básicas sobre a evolução da Via Láctea e de outras galáxias como um todo.

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