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Fotos do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi (à esquerda), e do seu agressor | Livio Anticoli/Reuters
Fotos do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi (à esquerda), e do seu agressor| Foto: Livio Anticoli/Reuters

Os italianos se perguntam na segunda-feira se a dramática agressão da véspera contra o primeiro-ministro Silvio Berlusconi foi causada pelos vários meses de escalada da tensão política, das trocas de insultos e do "clima de ódio" no país.

Berlusconi foi hospitalizado no domingo com vários dentes quebrados, fratura no nariz e com cortes no rosto, depois de ter sido atingido por uma estatueta atirada por um homem com problemas mentais, enquanto dava autógrafos ao final de um comício.

Um boletim médico seria divulgado às 12h de segunda-feira (hora local), e não se sabe até quando ele ficará internado - há rumores de que passaria mais 24 horas no hospital.

O rosto ensanguentado do político foi estampado em jornais e TVs do mundo todo, mas na Itália as manchetes e comentários foram bem além dos ferimentos, que não foram graves.

"Um tempo de ódio", foi a manchete do jornal La Nazione, de Florença. A palavra "ódio" foi usada em muitas manchetes e por muitos analistas.

"Temos de chegar a isso. Um clima de ódio contra Berlusconi produziu efeitos devastadores", disse o jornal conservador romano Il Tempo em sua capa.

Até comentaristas de esquerda, habitualmente críticos a Berlusconi e aos casos de corrupção dos quais ele é suspeito, admitiram que o ataque representa um símbolo das tensões políticas que se exacerbaram perigosamente.

O L'Unitá, diário do Partido Democrático, maior força da oposição, qualificou o ataque de "loucura". Mas Rosy Bindi, presidente do partido, afirmou que o próprio Berlusconi foi responsável pela tensão e "não deveria se fazer de vítima".

Fontes políticas disseram que o esquema de segurança de Berlusconi está sendo revisto, já que o agressor, Massimo Tartaglia, chegou suficientemente perto do premiê para matá-lo, caso tivesse uma arma de fogo.

O último assassinato de um político com grande repercussão na Itália foi o do ex-premiê Aldo Moro, em 1978, depois de ter sido sequestrado pela guerrilha de esquerda Brigadas Vermelhas.

Analistas disseram que o incidente com Berlusconi pode acirrar ainda mais a tensão política.

Berlusconi teve sua imunidade jurídica cassada em outubro e enfrenta vários processos por corrupção e fraude fiscal, nos quais afirma ser vítima de uma perseguição política. Ele é o homem mais rico da Itália.

Pesquisa publicada no sábado mostrou que a popularidade dele caiu 4 pontos percentuais e está um pouco acima dos 50 por cento. Ao menos um comentarista de TV disse que o incidente pode desencadear uma onda de solidariedade que recupere parcialmente a sua taxa de aprovação.

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