Mortes de crianças em Gaza já ultrapassam uma centena
Ainda que conflitantes, as estimativas de crianças palestinas mortas na ofensiva israelense sobre a Faixa de Gaza ultrapassaram uma centena ontem, motivando alertas de que os bombardeios e o bloqueio contínuo podem motivar a nova geração a apelar à violência.
Indestrutível desejo de ser livre
Durante 18 meses o meu povo em Gaza esteve sob cerco, preso dentro da maior prisão do mundo, selada por terra, ar e mar, enjaulado e faminto. Mesmo nossos doentes tiveram a medicação negada. Após uma política de morte lenta, veio o bombardeio. Neste lugar dos mais densamente povoados, nada foi poupado pelos aviões de guerra de Israel, de prédios governamentais a casas, mesquitas, hospitais, escolas e mercados. Mais de 540 pessoas foram mortas e milhares, permanentemente mutiladas. Um terço é formado por mulheres e crianças. Famílias inteiras foram massacradas, algumas enquanto dormiam.
Israel aceita "corredor humanitário"
O governo de Israel concordou, na fim da noite de ontem, com a criação de um "corredor humanitário" para enviar suprimentos aos moradores da Faixa de Gaza.
O escritório do primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, disse em comunicado que a ideia do corredor humanitário partiu do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e que foi aceita por ele.
Sderot, Israel - Ataques israelenses deixaram pelo menos 30 mortos e 55 feridos ontem em uma escola das Nações Unidas na Faixa de Gaza. Médicos de Gaza dizem ter contado 42 mortos. Foi o pior incidente em 11 dias de ofensiva contra o grupo fundamentalista islâmico Hamas, em meio ao avanço da incursão israelense em Gaza.
Segundo a ONU, 350 civis haviam se refugiado da violência na escola Al Fakhora, mantida pela organização no campo de refugiados de Jabalya, no norte de Gaza, e foram surpreendidos pelos israelenses.
O Exército de Israel afirmou que os ataques foram desferidos em reação a disparos feitos da escola por militantes do Hamas, que estariam usando civis como "escudos humanos. Disse também que dois responsáveis por unidades de disparo de morteiros do Hamas estavam entres os mortos. Moradores de Gaza citados pela agência Associated Press confirmaram que os fundamentalistas usaram a área da escola como base para ataques.
John Ging, diretor de operações da UNRWA, agência da ONU para os refugiados palestinos, disse que a região da escola foi local de combates entre milicianos do Hamas e soldados israelenses: "Há intensa atividade de militares e milicianos naquela área. Ele afirmou que triagem feita pela ONU impede a entrada de milicianos do Hamas na escola e que Israel recebeu da entidade as coordenadas do local. "Era inevitável um alto número de mortos se bombas atingissem a área, completou. "Não há lugar seguro em Gaza. Todos aqui estão aterrorizados e traumatizados.
O incidente deve aumentar a pressão internacional para que Israel suspenda a ofensiva contra o Hamas. Fontes palestinas estimam que pelo menos 660 pessoas já morreram nos ataques israelenses. No lado de Israel há dez mortos, sendo sete soldados em combate e três civis, vítimas de foguetes disparados por extremistas de Gaza.
Riscos
O bombardeio à escola de Jabalya ilustra a entrada da operação militar israelense em uma etapa de perigos crescentes, tanto para a população civil de Gaza como para seus próprios soldados. Após dois dias de incursão terrestre em que ocupou áreas abertas, cercou as cidades e dividiu o território para impedir a movimentação de armas, as forças de Israel entram no imprevisível estágio dos confrontos urbanos.
Apesar dos riscos, Israel amplia a ofensiva e analistas afirmam que só a incursão terrestre é capaz de garantir que os objetivos da operação sejam alcançados: matar ou capturar o maior número possível de militantes do Hamas e destruir sua capacidade de lançar foguetes.
Ainda assim, o território de Israel voltou a ser atingido ontem por pelo menos 34 foguetes disparados de Gaza. Um deles atingiu pela primeira vez a cidade de Guedera, a cerca de 40 quilômetros de Tel Aviv.
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