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Oriente Médio

Ataque a oleodutos da Arábia Saudita amplia tensão com Irã no Golfo Pérsico

Porta-aviões Abraham Lincoln dos Estados Unidos
Porta-aviões Abraham Lincoln, dos Estados Unidos, navega pelo Canal de Suez em 9 maio de 2019 (Foto: Divulgação/Marinha dos EUA/AFP)

Em meio à tensão entre Irã e EUA, a Arábia Saudita confirmou, na terça-feira (14), que drones carregados com explosivos atingiram poços de petróleo perto de Riad, capital saudita. O ataque, classificado de "terrorista" pelo governo saudita, ocorreu dois dias após petroleiros do país serem sabotados na costa dos Emirados Árabes.

Rebeldes houthis do Iêmen assumiram a autoria da ação. A TV Al-Massirah, controlada pelos houthis, confirmou a realização de uma "operação militar contra alvos sauditas com sete drones". Os houthis têm atacado cidades sauditas, mas foi a primeira vez que uma instalação da Aramco, estatal do petróleo, foi atingida.

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes lideram a aliança sunita – apoiada pelo Ocidente – que interveio no Iêmen em 2015 contra os houthis, que são xiitas e têm apoio do Irã. O conflito é considerado uma guerra indireta entre sauditas e iranianos. Os houthis negam ter relação com Teerã e garantem que lutam contra a corrupção. O conflito deixou milhares de mortos e levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a qualificá-lo como "a maior crise humana da atualidade".

O ministro saudita da Energia, Khalid al-Falih, disse nesta terça-feira que a produção de petróleo e as exportações não foram interrompidas. Na segunda-feira, a Arábia Saudita denunciou um ataque contra dois petroleiros. Horas antes, autoridades dos Emirados haviam informado sobre sabotagem em quatro de seus navios perto do Estreito de Ormuz. Um quinto do consumo global de petróleo passa pelo canal, que separa o Irã da Península Arábica.

O Irã tornou-se um dos principais suspeitos das sabotagens. Os EUA disseram que os iranianos foram os autores dos atentados, mas Teerã nega e diz que o objetivo dos ataques é "causar uma guerra".

Recentemente, Washington aumentou as sanções contra Teerã, dizendo que quer reduzir as exportações de petróleo iraniano a zero, depois de abandonar o pacto nuclear de 2015, firmado entre Irã e potências globais. "Precisamos investigar para entender o que aconteceu", disse John Abizaid, embaixador dos EUA na Arábia Saudita. "Um conflito não é de interesse do Irã, nosso ou da Arábia Saudita".

Ontem, autoridades iranianas acusaram os americanos de "orquestrarem um incidente" para causar uma guerra. O chanceler do Irã, Mohamed Zarif, disse que "as tensões continuam a subir porque forças americanas se dirigem à região". O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que não vai negociar com os EUA, mas garantiu que não haverá nenhuma guerra. "Este caminho não interessa a ninguém", disse.

Planos para o Oriente Médio

Segundo o New York Times, o secretário de Defesa dos EUA, Patrick Shanahan, apresentou um plano militar que prevê o envio de até 120 mil soldados à região, caso o Irã ataque forças americanas ou avance seu programa nuclear. A revisão do plano teria sido ordenada pelo conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton.

O plano reflete a influência de Bolton no governo Trump, cuja tentativa de confronto com Teerã foi ignorada há mais de uma década pelo presidente George W. Bush. Bolton teve papel significativo no projeto de invasão do Iraque que derrubou Saddam Hussein.

Algumas autoridades americanas disseram que os planos mostram como o Irã se tornou perigoso. Outros, que pedem diplomacia, afirmaram que o plano aumenta as tensões com o Irã. Aliados europeus, que se reuniram com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disseram que as tensões podem causar um conflito.

Os 120 mil soldados são uma força parecida com a usada pelos EUA na invasão do Iraque, em 2003. A mobilização daria a Teerã mais alvos para atacar, arriscando enredar os EUA em um conflito prolongado. Isso também reverteria anos de recuo americano no Oriente Médio, desde que Barack Obama decidiu retirar suas tropas do Iraque, em 2011.

Donald Trump, criticou a reportagem do New York Times. "Acho que é notícia falsa. Se eu faria isso? Com certeza. Mas não planejamos isso. E, se fizéssemos, enviaríamos muito mais tropas do que isso", disse.

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