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Fúria muçulmana

Ataque a prédio da ONU mata 12 no norte do Afeganistão

Afegãos queimam bandeira dos Estados Unidos durante protesto contra pastor norte-americano que queimou em público um exemplar do Alcorão, livro sagrado do islã: manifestação termina em massacre | Omar Sobhani/Reuters
Afegãos queimam bandeira dos Estados Unidos durante protesto contra pastor norte-americano que queimou em público um exemplar do Alcorão, livro sagrado do islã: manifestação termina em massacre (Foto: Omar Sobhani/Reuters)

Nova York - Ao menos 12 pessoas (sendo oito delas funcionários da ONU) morreram em um ataque a um prédio das Nações Unidas em Mazar-i-Sharif, no norte do Afeganistão. O ataque aconteceu durante protesto contra a queima do Alcorão, li­­vro sagrado do islã, pelo pastor de uma pequena igreja da Flórida (EUA), no início da semana passada.

É a ação mais letal contra em­­pregados da entidade desde o atentado de 2003, em Bagdá, que matou 22 pessoas, entre elas o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. A conta, no entanto, pode chegar a 20 mortos. Entre as vítimas, estariam funcionários da ONU da Noruega, da Suécia e da Romênia, quatro guardas nepaleses e cinco afegãos.

Duas pessoas teriam sido decapitadas, segundo um porta-voz da polícia afegã, mas essa informação foi negada pelo comando da polícia da região.

O pastor americano é Terry Jones, líder de uma igreja com 60 membros. No dia 20 de março, ele queimou uma edição do Corão porque considerou a obra "culpada’’. É o mesmo pastor que tinha recebido atenção internacional no ano passado, após ameaçar queimar o livro em 11 de setembro, aniversário do ataque às Torres Gêmeas. Pressionado, ele tinha recuado e prometido nunca cometer esse ato, mas voltou atrás na sua decisão.

O ataque aconteceu depois das orações de ontem. Mi­­lhares de manifestantes, instigados por três mu­­lás, saíram da Mes­­qui­­ta Azul (um dos lu­­gares mais sa­­grados do Afe­­ganistão) e rumaram para o prédio da ONU – sem encontrar norte-americanos, o ódio da multidão foi dirigido às Nações Unidas, outro símbolo ocidental.

Eles queriam a prisão de Jones. Com gritos de "Morte à América’’ e cartazes de "Morte a Obama’’ e "Abaixo a América’’, os manifestantes atiraram pedras no prédio.

Segundo relatos, eles invadiram o portão depois que as forças de segurança abriram fogo, agrediram os guardas e queimaram carros. Armas teriam sido tomadas da guarda de segurança da ONU e usadas para matar as vítimas.

A cidade de Mazar-i-Sharif é considerada uma das mais pa­­cíficas nos padrões do Afeganistão – a milícia Taleban está concentrada especialmente nas Pro­­víncias mais ao sul – e seria uma das primeiras áreas em que as tropas da Otan seriam substituídas pelas forças afegãs.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou os ataques de "revoltantes e covardes’’. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, divulgou nota condenando a ação.

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