Bagdá No segundo atentado mais sangrento no Iraque desde a invasão liderada pelos EUA em março de 2003, ao menos 175 pessoas da seita religiosa Yazidi morreram ontem em quatro ataques sincronizados no norte do país, informaram oficiais iraquianos. Outras 200 pessoas ficaram feridas nos ataques, nos quais terroristas suicidas detonaram caminhões-bomba quase simultaneamente em meio a comunidades Yazidi perto de Qahataniya, 120 quilômetros a oeste de Mossul, na região semi-autônoma curda no norte do país.
Os atentados, que destruíram cerca de 30 prédios residenciais e lojas da comunidade, marcam que uma seita religiosa foi o claro alvo de terroristas no Iraque. Nenhum grupo assumiu a autoria dos atentados.
O mais alto número de vítimas de ataques terroristas em um único dia no Iraque desde 2003 é o saldo de 202 mortos em 23 de novembro de 2006, quando seis carros-bomba explodiram em Bagdá.
A seita Yazidi tem raízes na antigüidade e surgiu antes da religião islâmica. Seus seguidores adotam uma organização social própria e bastante segregada do resto da população. O sincretismo da seita incorporou elementos do islamismo, judaísmo, zoroastrismo e cristianismo, entre outras.
Durante o regime do ditador Saddam Hussein (1979-2003), acredita-se que o governo manipulou os Yazidi para que se mantivessem afastados dos curdos. Desde 2003, porém, existe a pressão para contar os membros da seita como etnicamente curdos, em uma tentativa de aumentar o número e influência da etnia no Iraque.
O atentado de ontem ocorreu no mesmo dia em que 16 mil soldados do Iraque e dos EUA iniciaram uma operação no vale do rio Diyala, norte de Bagdá, para buscar insurgentes sunitas e guerrilheiros xiitas que foram expulsos das Províncias de Baquba e Anbar.
Ações planejadas
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Defesa Bryan Whitman afirmou que a nova operação faz parte de uma série de ações planejadas para os próximos 30 dias para tentar coibir uma esperada alta de ataques terrorista no Iraque.
O Exército americano afirmou suspeitar que os atentados aumentariam pouco antes de setembro, quando seus comandantes em campo devem apresentar ao Congresso dos EUA um relatório sobre a eficácia da atual estratégia militar.
Também ontem, o Exército divulgou as mortes de mais nove soldados norte-americanos. A queda de um helicóptero perto de uma base a oeste de Bagdá matou cinco militares, e outros três morreram em uma explosão perto de seu veículo anteontem na Província de Nínive. Um outro soldado morreu em decorrência de ferimentos sofridos em combate em Bagdá.