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Um ataque a um posto de controle ocupado por separatistas pró-russos próximo à cidade de Slaviansk, na região de Donetsk, deixou três militantes e um dos atacantes pró-russo mortos | REUTERS/Gleb Garanich
Um ataque a um posto de controle ocupado por separatistas pró-russos próximo à cidade de Slaviansk, na região de Donetsk, deixou três militantes e um dos atacantes pró-russo mortos| Foto: REUTERS/Gleb Garanich

Ucrânia: premiê diz que Putin sonha em restaurar URSS

O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseny Yatseniuk, disse que está preocupado com o quão longe poderá ir o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que segundo o premiê tenta restaurar o poderio da União Soviética sobre o Leste Europeu. "O presidente Putin tem o sonho de restaurar a União Soviética. E a cada dia ele vai mais longe. Deus sabe onde é o seu destino final", disse o premiê em entrevista à rede norte-americana NBC.

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EUA: Senadores pedem sanções duras contra Rússia

Dois membros do Comitê de Relações Exteriores do Senado norte-americano pediram neste domingo sanções mais duras do Ocidente contra a Rússia. Eles defendem que sejam incluídas nas sanções a indústria petroquímica e os bancos e alertaram que Moscou até o momento ignorou os pedidos de Estados Unidos e Europa para recuar nos confrontos com a Ucrânia.

"Ajudamos durante muitos anos a criar os problemas que existem lá hoje e deixá-los sozinhos da forma como estamos deixando é injusto", disse o republicano Bob Corker, membro sênior do comitê, a um programa da TV NBC. "Não acredito que Putin realmente acha que o estamos punindo", acrescentou.

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Após um dia de trégua, quatro pessoas foram mortas em tiroteio no leste da Ucrânia neste domingo (20), em um ataque a um posto de controle ocupado por separatistas pró-russos próximo à cidade de Slaviansk, na região de Donetsk. Três militantes e um dos atacantes pró-russo morreram após o confronto em uma barreira montada por separatistas na vila de Bilbasivka, cerca de 18 km a oeste de Slaviansk. Ativistas decretaram toque de recolher na cidade.

Moscou reagiu rapidamente ao incidente, atribuído ao grupo paramilitar nacionalista ucraniano Pravy Sektor. O incidente acontece três dias depois da assinatura de um acordo em Genebra entre russos, ucranianos e países do Ocidente, com o objetivo de aliviar a tensão na crise ucraniana. "A Rússia está indignada com esta provocação que mostra a falta de vontade das autoridades de Kiev para desarmar os nacionalistas", disse o ministério em um comunicado do Ministério das Relações Exteriores russo. "É espantoso que esta tragédia tenha acontecido depois da assinatura, em 17 de abril, do acordo de Genebra".

O Ministério do Interior da Ucrânia confirmou um morto e três feridos.

Papa pede paz

Após as mortes, o Papa Francisco pediu à comunidade internacional que impeça a violência na Ucrânia, onde a tensão aumentou em missa celebrada neste domingo de Páscoa. "Te pedimos que ilumines e inspires iniciativas de paz pelos esforços na Ucrânia, para que todas as partes envolvidas, apoiadas pela comunidade internacional, realizem todos os esforços para impedir a violência e construir, com seu espírito de unidade e diálogo, o futuro do país", disse o Pontífice na basílica de São Pedro.

No sábado, um mediador do corpo de segurança da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) foi enviado para a Ucrânia para intermediar a rendição de separatistas pró-Rússia com o governo de Kiev. Homens armados ocupam edifícios públicos em Donetsk e outras cidades fronteiriças de língua russa e se recusam a reconhecer um acordo firmado em Genebra na quinta-feira. Nele, Rússia, Ucrânia, EUA e aliados de Kiev concordaram que a OSCE deve supervisionar o desarmamento dos militantes e a evacuação de instalações ocupadas.

Os próximos dias devem determinar se a agitação após a derrubada do presidente da Ucrânia pró-Moscou pode ser contida. A Rússia, que anexou a Crimeia no mês passado, na pior crise do Leste-Oeste desde a Guerra Fria, nega incentivo aos separatistas ou que esteja planejando invadir a Ucrânia. As potências ocidentais ameaçaram mais sanções econômicas se Moscou não convencer os militantes a se renderem.

Ertogrul Apakan, que lidera a missão especial da OSCE em Kiev, disse que seu vice estaria em Donetsk no sábado e se reuniria com líderes separatistas neste domingo para conferir se eles vão cumprir o acordo.

Depois de uma reunião na capital ucraniana com diplomatas das quatro partes no Acordo de Genebra, o enviado suíço Christian Schoenenberger, cujo país é presidente da OSCE, disse que seus monitores tinham falado com vários ativistas. "Por enquanto, a vontade política não é de sair", disse.

Ataque mortal no leste da Ucrânia abala frágil trégua de Páscoa

Depois das mortes no ataque deste domingo, a Rússia questionou se o governo ucraniano, apoiado pelo Ocidente, estava cumprindo o acordo, mediado na semana passada em Genebra para por fim a uma crise que fez com que os laços da Rússia com o Ocidente ficassem mais tensos do que em qualquer momento desde a Guerra Fria. Os separatistas disseram que foram atacados por atiradores do grupo nacionalista da Ucrânia "Setor Direita", que negou qualquer envolvimento, dizendo que as forças especiais russas estavam por trás do conflito.

O fracasso do acordo de Genebra pode trazer mais derramamento de sangue no leste da Ucrânia, mas também pode fazer com que os Estados Unidos imponham sanções mais duras ao governo russo na semana que vem, com potenciais consequências generalizadas para muitas economias e importadores de energia russa.

O acordo, assinado em Genebra na semana passada por União Europeia, Rússia, Ucrânia e EUA, determina a retirada de grupos armados ilegais. Até agora, os militantes pró-Rússia não deram nenhum sinal que pretendem sair de onde estão, embora houvesse alguma esperança de progresso, depois que Kiev disse que não ia agir contra os separatistas durante a Páscoa, e mediadores internacionais se dirigiram ao leste da Ucrânia para tentar convencê-los a se desarmar.

Mas os tiroteios perto de Slaviansk, que já é um local de tensão entre grupos rivais da Ucrânia, provavelmente tornarão essa tarefa ainda mais difícil, fortalecendo a opinião de partes pró-Rússia da sociedade de que eles não podem confiar em Kiev. "A trégua da Páscoa foi violada", disse o Ministério das Relações Exteriores russo em um comunicado. "Essa provocação... demonstra a falta de vontade por parte das autoridades de Kiev de controlar e desarmar os nacionalistas e extremistas."

O porta-voz do Setor Direita, Artem Skoropadsky, disse que isso era uma "blasfêmia e uma provocação da Rússia: blasfêmia porque aconteceu durante uma noite sagrada para os cristãos, na noite de Páscoa. Isso foi claramente realizado pelas forças especiais russas." Milicianos separatistas perto da cidade ucraniana oriental de Slaviansk disseram à Reuters que um comboio de quatro veículos se aproximou do seu posto de controle por volta das 2h da madrugada e abriu fogo. "Tivemos três mortos e quatro feridos", disse à Reuters um dos combatentes separatistas, chamado Vladimir, no posto de controle onde havia dois jipes incendiados.

Ele contou que os separatistas responderam com tiros e mataram dois dos agressores, que, segundo disse, eram membros do movimento nacionalista que tem sua base de poder no oeste do país, onde se fala predominantemente ucraniano e uma área desprezada por muitos do leste, de língua russa.

Um cinegrafista da Reuters no local disse que viu os corpos de duas pessoas colocados na traseira de um caminhão, um deles com ferimentos provavelmente provocados por tiros no rosto e na cabeça. Um dos mortos estava usando uniforme militar camuflado, o outro, identificado por diversos curiosos presentes, seria um homem local, com roupas civis.

Em Kiev, o Ministério do Interior disse que uma pessoa foi morta e três ficaram feridas em um confronto armado. A pasta afirmou que a polícia estava tentando obter mais detalhes sobre o que aconteceu. Foram as primeiras mortes em confrontos armados no leste da Ucrânia desde que o acordo de Genebra foi assinado, na quinta-feira.

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