O presidente dos EUA, Barack Obama, desafiou nesta sexta-feira (6) a pressão de outros líderes mundiais para que desista de atacar a Síria, o que motivou profundas divisões numa cúpula que tinha a intenção de discutir a recuperação econômica global.
Líderes do G20, grupo que reúne grandes economias desenvolvidas e emergentes, divulgaram uma declaração final dizendo que a economia mundial ainda não saiu da crise, mas está melhorando.
Mas o encontro acabou sendo ofuscado pela perspectiva de uma ação militar norte-americana para punir o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, pelo suposto uso de armas químicas contra civis.
Num jantar que se prolongou até o fim da noite da quinta-feira, os presidentes Barack Obama, dos EUA, e Vladimir Putin, da Rússia, continuaram divergindo a respeito disso.
"Houve uma longa discussão, com uma clara divisão no grupo", disse uma fonte do G20 após o jantar num palácio czarista de São Petersburgo. Autoridades japonesas disseram que a crise síria motivou uma "troca de opiniões francas".
A Rússia, principal aliada de Assad no cenário internacional, diz que não há provas de que o governo sírio usou armas químicas contra civis num ataque em 21 de agosto. Moscou usou repetidamente seu poder de veto para impedir uma resolução do Conselho de Segurança da ONU contra Assad.
Sem poder contar com o aval da entidade internacional, Obama está buscando o apoio do Congresso norte-americano para uma ação militar unilateral. Ele manteve essa posição em São Petersburgo, apesar do alerta feito pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre a necessidade de buscar uma solução política para o conflito.
"A cada dia que perdemos é um dia em que muitos civis inocentes morrem", disse Ban.
Ben Rhodes, vice-conselheiro de segurança nacional do governo Obama, disse a jornalistas que o presidente novamente salientou a convicção de que Assad realmente usou gás sarin para matar cerca de 1.400 civis, inclusive centenas de crianças. O governo sírio nega ter realizado o ataque.
Participantes do jantar de quinta-feira disseram que a tensão entre Obama e Putin era palpável, mas que eles foram corteses um com o outro e pareceram se esforçar para evitar uma escalada.
O presidente norte-americano parece isolado em São Petersburgo, apesar do apoio da França a uma ação militar e da presença e aliados como Turquia e Arábia Saudita. Mas suas ações nos últimos dias sugerem que, para Obama, é mais importante neste momento buscar o aval do Congresso norte-americano do que o apoio internacional.
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