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Cartaz de campanha do Partido da Prosperidade, do primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, em Adis Abeba, 14 de junho, antes das eleições gerais do país
Cartaz de campanha do Partido da Prosperidade, do primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, em Adis Abeba, 14 de junho, antes das eleições gerais do país| Foto: EFE/EPA

Um ataque aéreo efetuado ontem contra um mercado no distrito de Togoga, na região etíope de Tigray, contra a qual o governo da Etiópia mantém uma ofensiva armada desde novembro do ano passado, matou dezenas de civis, segundo confirmaram nesta quarta-feira à Agência Efe fontes humanitárias e médicas que trabalham na região.

"Um ataque dessas proporções contra um mercado com população civil, mesmo que houvesse alvos militares, é um crime de guerra porque o princípio da proporcionalidade do direito internacional humanitário não foi respeitado", afirmaram as fontes, que quiseram permanecer anônimas.

Após o ataque, ambulâncias e agentes humanitários tiveram dificuldade para acessar Togoga e tratar os feridos devido ao bloqueio dos militares etíopes, embora tenham conseguido entrar posteriormente.

O ataque aéreo, que atingiu a cidade de Idagaselus, em Togoga, a cerca de 25 quilômetros da capital da região, Mekele, na tarde de terça-feira, também deixou "centenas" de feridos, segundo as mesmas fontes. "Eu vi mais de 40 pessoas feridas no ataque", disse à Efe um trabalhador de saúde do Hospital Ayder, localizado em Mekele, para onde muitas vítimas do ataque foram posteriormente transferidas.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) informou hoje em comunicado que participou da evacuação dos feridos da cidade atacada para o Hospital Ayder e ressaltou que "é essencial que a missão médica seja respeitada e protegida em todos os momentos".

Da mesma forma, uma fonte da Comissão de Direitos Humanos da Etiópia - organismo que opera de forma autônoma, mas é nomeado pelo parlamento etíope - também confirmou à Efe o ataque em Mekele e assegurou que suas tentativas de acessar a área para avaliar os danos e o número de vítimas foram bloqueadas pelos militares.

A Efe tentou entrar em contato com o governo interino de Tigray e o Ministério da Defesa da Etiópia, mas ainda não obteve resposta.

O alto representante da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Defesa, Josep Borrell, condenou hoje em nota "os ataques deliberados contra civis" e o bloqueio da assistência médica e humanitária após saber do ataque aéreo.

"É mais um ataque que se soma à terrível série de violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário, atrocidades e violência étnica combinadas com graves acusações de uso da fome e da violência sexual como armas de guerra", lamentou Borrell.

Origem do conflito

O conflito estourou no último dia 4 de novembro depois que o governo etíope atacou a Frente Popular de Libertação de Tigray (FPLT), partido que governava a região até então, em retaliação a uma suposta agressão anterior das forças de Tigray a uma base do exército.

Desde então, milhares de pessoas morreram, cerca de duas milhões foram deslocadas internamente na região e pelo menos 75.000 etíopes fugiram para o vizinho Sudão, um país que faz fronteira com Tigray, segundo dados oficiais.

Além disso, organizações de direitos humanos denunciaram a violência indiscriminada e atrocidades cometidas contra a população civil em Tigray, incluindo mais de mil casos documentados de violência sexual, embora o número real possa ser muito maior.

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