Pelo menos 82 pessoas foram mortas no ataque à universidade de Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, ontem. Outras 162 ficaram feridas. Os números foram informados pelo embaixador da Síria na ONU, Bashar Jaafari, ao Conselho de Segurança. Segundo o diplomata sírio, um "ato terrorista covarde" visou os estudantes, que participavam do primeiro dia de provas na instituição.
"Terrorista" é como o regime de Bashar Assad costuma se referir aos rebeldes que lutam desde março de 2011 para derrubá-lo, em um conflito que matou mais de 60 mil pessoas, conforme estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU).
Não há confirmação das circunstâncias da explosão, mas as tropas do ditador e os rebeldes trocaram acusações. O regime acusa os rebeldes de terem errado a mira de foguetes e atingido o campus. Já os rebeldes acusam o regime de ter realizado um bombardeio aéreo.
Desde julho passado, Aleppo está dividida ao meio por rebeldes, no norte, e tropas pró-regime, no sul.
O ataque foi composto por duas explosões, e deixou vários carros em chamas, além de ter causado graves danos a um prédio, inclusive um de dormitórios, onde estão abrigados estudantes refugiados do confronto. Vídeos publicados na internet por estudantes mostram o pânico em um prédio universitário. Alguns choram em meio a escombros.
Segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos, baseada no Reino Unido, entre os mortos há universitários que estavam morando nos dormitórios da universidade por terem sido retirados de suas casas pelo embate entre tropas rebeldes e leais ao regime.
Além dos estudantes, a universidade abriga cerca de 30 mil pessoas que fugiram de suas casas em áreas da cidade atingidas pelos confrontos, que começaram em julho do ano passado.
Mais de 50 países já pediram ao Conselho de Segurança da ONU que denuncie indivíduos ligados à crise síria ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por genocídio e crimes de guerra.
Na segunda-feira, o vice-ministro de Relações Exteriores da Síria disse que o presidente Bashar Assad não vai deixar o cargo antes de convocar eleições presidenciais, o que está programado para acontecer em meados de 2014.