Um ataque com míssil feito por rebeldes houthis do Iêmen atingiu um aeroporto civil no sul da Arábia Saudita nesta quarta-feira (12), ferindo pelo menos 26 pessoas e provocando um alerta da coalizão militar liderada pela Arábia Saudita de que responderia com firmeza.
O ataque foi um dos mais severos realizados pelos houthis em solo saudita nos últimos meses e ameaça prejudicar os esforços para construir um frágil cessar-fogo na cidade portuária de Hodeidah, que é amplamente visto como vital para a paz no Iêmen como um todo.
A coalizão liderada pela Arábia Saudita, que tem lutado contra os houthis por quatro anos no Iêmen, disse em um comunicado que um projétil atingiu o terminal de chegadas no aeroporto de Abha, causando danos físicos. Os feridos – sauditas, iemenitas e indianos – incluem três mulheres e duas crianças, disse o porta-voz da coalizão, coronel Turki Almalki. As lesões variam de moderadas a leves, oito dos feridos foram levados a hospitais para tratamento.
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Os houthis, aliados do Irã, assumiram a responsabilidade pelo ataque em um comunicado transmitido em sua rede de televisão Al-Masirah, dizendo que haviam disparado um míssil de cruzeiro contra o aeroporto, localizado a cerca de 200 quilômetros ao norte da fronteira do Iêmen com a Arábia Saudita.
Embora o número de feridos pareça ser de longe o maior número causado por um ataque houthi em solo saudita, houve outros ataques que levaram a algumas mortes.
O ataque desta quarta-feira foi o mais recente sinal do aumento das capacidades militares dos houthis, uma força de guerrilha que se ergueu de seus redutos nas montanhas ao norte do Iêmen para conquistar poder. O ataque com míssil ocorreu menos de um mês depois de duas estações de bombeamento de petróleo terem sido atingidas por drones armados na Arábia Saudita. Os houthis assumiram a responsabilidade por esse ataque.
Como no caso do ataque com drones, a coalizão liderada pela Arábia Saudita foi rápida em acusar seu rival regional, o Irã, de orquestrar o ataque desta quarta-feira, dizendo que isso poderia equivaler a um crime de guerra.
"Este ataque também prova a aquisição pela milícia terrorista de novas armas especiais; a continuação do apoio do regime iraniano e a prática de terrorismo internacional; e a contínua violação de resoluções relevantes do Conselho de Segurança da ONU", disse Almalki.
Ele acrescentou que a coalizão tomaria "medidas urgentes e oportunas para deter essa milícia terrorista".
Conflito armado e crise humanitária
A guerra começou no início de 2015 com a oposição entre os houthis xiitas e a coalizão, formada por forças sunitas da região. A coalizão, apoiada pelos Estados Unidos e por outras potências ocidentais, busca restaurar o governo do presidente Abed Rabbo Mansour Hadi, que foi expulso pelo houthis da capital, Sanaa.
Desde então, piorou a crise humanitária no Iêmen, o país mais pobre do Oriente Médio. Dezenas de milhares de pessoas foram mortas, e incontáveis mais feridos, em sua maioria por ataques aéreos sauditas, provocando pedidos de grupos internacionais de defesa dos direitos humanos para que a coalizão seja responsabilizada por possíveis crimes de guerra.
Mais de 3 milhões de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas. Uma crise de fome e epidemias de cólera e outras doenças acometeram o país.
O conflito também é amplamente considerado uma guerra por procuração entre o Irã e a Arábia Saudita, que é o principal rival regional da teocracia xiita.
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Há mais de um ano, os houthis têm como alvo cidades da Arábia Saudita, incluindo ataques com drones e mísseis contra a capital Riad. A maioria foi interceptada pelos sistemas de defesa aérea da Arábia Saudita, mas os ataques demonstram o alcance e a capacidade dos rebeldes iemenitas. Em um ataque em março de 2018, um cidadão egípcio foi morto em Riad.
Depois dos ataques houthis, a coalizão liderada pela Arábia Saudita normalmente retaliou com ataques aéreos no Iêmen.
Se a violência aumentar, pode ameaçar uma iniciativa de paz liderada pela ONU no porto de Hodeidah, por onde passa grande parte da ajuda para o Iêmen, remédios e outros suprimentos humanitários.