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Tropas internacionais abriram fogo nesta segunda-feira contra um ônibus que levava civis afegãos, matando quatro pessoas, e dando início a protestos contra os Estados Unidos numa importante cidade do sul do país onde as forças de coalizão esperam conquistar o apoio da população para uma ofensiva contra o Taleban.

Autoridades afegãs e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) recusaram-se a identificar a nacionalidade das forças internacionais envolvidas, mas vários afegãos afirmam que eles eram norte-americanos.

Em outro ponto da cidade de Kandahar, três suicidas atacaram um complexo dos serviços de inteligência afegãos, mas foram repelidos pelas forças de segurança que abriram fogo contra os homens, disse Zelmai Ayubi, porta-voz do governo da província onde está a cidade, também chamada Kandahar. Quatro agentes de inteligência e seis civis, dente eles um professor de uma escola próxima, ficaram feridos, disse ele.

Cinco integrantes de uma única família foram mortos e dois ficaram feridos após a explosão de uma bomba colocada à margem de uma estrada no distrito de Bala Buluk, província de Farah, noroeste do país, na tarde desta segunda-feira, segundo o porta-voz provincial Ahmad Farid Ayubi. Nenhum grupo assumiu responsabilidade pela explosão, embora esse tipo de bomba seja uma marca da insurgência taleban.

Kandahar, a maior cidade do sul afegão, foi o local de nascimento do regime taleban, deposto em 2001, mas os insurgentes continuam ativos, apesar a forte presença de forças estrangeiras.

Segurança é uma questão-chave para os militares dos Estados Unidos e da Otan que tem como objetivo encerrar os mais de oito anos de guerra, mas o ódio resultante das mortes de civis ameaça prejudicar o apoio local ao governo central de Cabul.

Mais de 80 mil soldados norte-americanos estão no Afeganistão, muitos dos quais foram enviados para as voláteis províncias do sul, dentre elas Kandahar.

Os tiros contra o ônibus durante a madrugada no distrito de Zhari, em Kandahar, mataram quatro pessoas, dente elas uma mulher, e feriram outras 18 pessoas, disse Ayubi. Segundo ele, as forças internacionais levaram 12 dos feridos a um hospital militar.

Rozi Mohammad, passageiro entrevistado no hospital em Kandahar, disse que o veículo acabara de deixar o terminal de Kandahar quando o ônibus deu passagem para um comboio norte-americano. Os tiros começaram quando o terceiro ou quarto veículo passou, disse ele, lembrando que os tiros partiram do comboio.

"Subitamente, eles abriram fogo, não sei por que. Fomos parados e depois disso não sei o que aconteceu", disse Mohammad. Os médicos disseram que ele sofreu um ferimento na cabeça, mas ainda não sabem a seriedade.

A Otan disse que o ônibus se aproximou em alta velocidade e por trás de uma patrulha que ia em baixa velocidade e ignorou os avisos para que desacelerasse.

Horas depois do incidente, grandes grupos de afegãos bloquearam a principal estrada que leva à cidade de Kandahar com pneus em chamas. Eles gritavam "morte à América" e pediam a saída do presidente afegão Hamid Karzai, que nasceu em Kandahar.

"Os norte-americanos estão constantemente matando nossos civis e o governo não exige explicações", disse o morador Mohammad Razaq "Nós exigimos justiça do governo de Karzai e punição para os soldados responsáveis", afirmou ele.

Reféns franceses

O Ministério de Relações Exteriores da França informou nesta segunda-feira que está consultando as famílias de dois jornalistas de televisão franceses feitos reféns no Afeganistão, depois que o Taleban exigiu que a França pressione funcionários afegãos e norte-americanos para que colaborem numa troca de reféns por prisioneiros.

Em comunicado enviado por e-mail para organizações de mídia, o Taleban disse que apresentaria uma lista de "prisioneiros comuns" - da qual não fazem parte pessoas importantes - mantidos em prisões afegãs ao governo francês. O Taleban sugeriu que a única rota para a liberdade dos jornalistas seria por meio da libertação desses prisioneiros.

"Se os envolvidos nesta questão não demonstrarem destreza e urgência, a vida dos franceses estará em perigo", diz o comunicado em inglês.

A nota diz que o governo francês deve pressionar os Estados Unidos e o governo afegão do presidente Hamid Karzai a aceitarem as exigências. Os prisioneiros no Afeganistão são mantidos ou pelo governo do país ou pelos norte-americanos.

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