Atualizado em 16/10/2006 às 19h52
Supostos guerrilheiros da etnia tâmil lançaram um caminhão carregado de explosivos contra um comboio naval do Sri Lanka na segunda-feira, matando pelo menos 92 pessoas, inclusive alguns civis, segundo os militares.
O atentado ocorreu perto de Habarana, cerca de 190 quilômetros a nordeste da capital, Colombo. Foi um dos piores atentados suicidas já registrados na ilha.
Ele ocorre no começo de uma semana de frenética diplomacia internacional destinada a conter o conflito entre militares e rebeldes antes das negociações de paz previstas para os dias 28 e 29 em Genebra.
Além dos 92 mortos, há mais de 100 feridos, e o número de vítimas fatais ainda pode crescer, segundo um porta-voz de segurança nacional. De acordo com ele, muitos corpos foram dilacerados e estão sendo reconstituídos.
A Marinha costuma reunir seus soldados num quartel de trânsito perto de Habarana antes de transportá-los para a base naval de Trincomalee, no leste do país.
- Havia cerca de 15 ônibus, e 13 foram danificados na explosão - disse um oficial da Marinha, sob anonimato, à Reuters em Colombo.
O comboio havia parado perto da cidade e muitos marinheiros haviam saído dos ônibus quando o caminhão investiu contra os veículos, segundo oficiais.
Há pequenas lojas na área, e transeuntes civis também foram atingidos.
- Os marinheiros estavam à paisana e não portavam armas, porque estavam saindo de licença ou voltando de férias - disse o porta-voz de segurança nacional. - Quando o TLTE (sigla da guerrilha separatista Tigres de Libertação do Tâmil Eelam) simplesmente não consegue combater a Marinha no mar, recorre a esse tipo de ataque - afirmou o porta-voz. Entretanto imagens após o atentado mostraram um grande número de armas recolhidas no local.
Kehelita Rambukwella, ministro e porta-voz de Defesa do governo, condenou o "bárbaro ataque terrorista contra soldados desarmados".
- Está claríssimo que o TLTE não está disposto a se distanciar do terrorismo - afirmou à Reuters.
Na segunda-feira, o representante japonês Yasushi Akashi começou a discutir com membros do governo como manter o processo de paz, iniciado há quatro anos e atualmente abalado pela violência. O Japão é o principal doador de ajuda financeira ao Sri Lanka.
Centenas de pessoas foram mortas no país desde o final de julho, e a trégua definida em 2002 agora só existe no papel.
Na semana passada, dezenas de militares e rebeldes foram mortos e centenas ficaram feridos na pior batalha desde o início da trégua.
No domingo, a Marinha cingalesa bombardeou e afundou uma traineira na costa noroeste do país. Supostamente havia rebeldes a bordo, e seis deles teriam morrido.
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