O ataque de um grupo de militares desertores contra um importante complexo de inteligência num subúrbio de Damasco, na quarta-feira, deixou 20 policiais mortos ou feridos e provocou uma retaliação das forças de segurança no bairro, disseram moradores e fontes da oposição nesta quinta-feira.
O ataque contra a sede da Inteligência da Força Aérea, em Harasta, foi o primeiro atentado contra um alvo governamental importante em oito meses de rebelião contra o presidente Bashar al Assad, num sinal de que os confrontos podem se espalhar para os centros de poder da Síria.
"Os desertores usaram granadas de propulsão e metralhadoras, e conseguiram infligir baixas aos que estavam do lado de dentro (...) do muro interno", disse um ativista envolvido no abastecimento dos desertores.
Não houve confirmação do ataque por parte das autoridades. A Síria expulsou do país a maior parte dos meios de comunicação estrangeiros, o que dificulta a confirmação independente dos relatos.
Um dos moradores de Harasta disse, sob anonimato, que não houve baixas entre os agressores, e que a operação durou dez minutos. Ele afirmou que os desertores são oriundos principalmente do próprio subúrbio de Harasta e de Douma, alvos constantes da repressão do governo contra os protestos pró-democracia.
Moradores disseram que cerca de 70 pessoas foram presas nas últimas 24 horas, e que agentes da Força Aérea estão invadindo casas, bloqueando ruas, fazendo patrulhas armadas e depredando empresas.
A Inteligência da Força Aérea e a Inteligência Militar são responsáveis por impedir dissidências nos quartéis. As duas divisões têm sido muito ativas na repressão à rebelião popular contra Assad, que nos últimos meses vem ganhando a adesão de desertores do Exército.
A ONU diz que mais de 3.500 pessoas já morreram por causa da violência na Síria. O governo afirma estar enfrentando "grupos terroristas" patrocinados por potências estrangeiras, e diz já ter perdido mais de 1.100 soldados e policiais.
As Forças Armadas sírias são controladas por Maher Assad, irmão do presidente, e por membros da seita minoritária alauíta, ao passo que o contingente militar é formado principalmente por soldados da maioria sunita. Acredita-se que haja na Síria oito grandes organizações policiais secretas, cujos chefes supostamente se reportam diretamente a Assad.
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