Uma mulher-bomba suicida detonou seus explosivos em meio a peregrinos xiitas ao sul de Bagdá, matando pelo menos 26 pessoas e ferindo dezenas, informou a polícia iraquiana. Foi o terceiro e mais violento ataque nesta quinta-feira contra peregrinos xiitas, às vésperas de um festival religioso xiita na cidade iraquiana de Karbala.
A mulher detonou os explosivos perto de peregrinos que descansavam à beira de uma rodovia em Iskandariyah, enquanto mulheres cozinhavam o jantar, homens faziam suas preces e as crianças brincavam, disse uma testemunha.
"Minutos após ter passado pelo local, eu escutei uma grande explosão. Eu virei o rosto e vi chamas enormes," disse Ahmed al-Saadi, um carpinteiro de 34 anos, do bairro bagdali de Cidade Sadr. "Nós corremos para o local e vimos corpos carbonizados, enquanto as pessoas feridas gritavam por socorro. Vasilhas quebradas com comida e tapetes de orações estraçalhados estavam por toda a parte," disse al-Saadi, também em peregrinação a Karbala.
Pelo menos 26 pessoas foram mortas e 75 ficaram feridas, disse um oficial da polícia iraquiana, que falou sob anonimato. Ele disse que, segundo testemunhas que escaparam ao atentado, o suicida que se explodiu era uma mulher.
Iskandariyah fica 50 quilômetros ao sul de Bagdá e na rota dos peregrinos para Karbala.
Em 24 de fevereiro deste ano, uma mulher-bomba matou pelo menos 40 xiitas perto de Iskandariyah, enquanto eles viajavam para outro festival religioso.
Mais cedo nesta quinta-feira, duas outras explosões de bombas ocorreram em Bagdá, matando um peregrino xiita e um policial, além de ferir outras 16 pessoas, muitas delas peregrinos xiitas que caminhavam a pé até Karbala para o festival religioso, informou a polícia.
A primeira bomba foi detonada no bairro de Zafaraniyah, ao sudeste de Bagdá, matou um policial e feriu outras nove pessoas - seis peregrinos e três policiais, disse um oficial da polícia iraquiana. A segunda bomba foi detonada no bairro central de Alwiya, matou um peregrino e feriu sete, todos homens na faixa dos 20 anos, disse outro policial. Os policiais falaram sob anonimato.
O festival Shabaniyah, que terá seu auge no próximo final de semana, marca o nascimento de Mohammed al-Mahdi, que os xiitas acreditam ser o 12º imã, que desapareceu em uma caverna no Iraque central no século IX d.C. Os islâmicos xiitas, maioria da população no Irã, Iraque e Azerbaijão, acreditam que no final dos tempos o 12º imã reaparecerá para estabelecer a justiça e a paz antes do Juízo Final, daí a força da crença entre essas populações. A crença é considerada herética pelos islâmicos sunitas.
O último ataque mortífero contra xiitas ocorreu no mês passado, quando três mulheres-bomba suicidas se explodiram em atentados simultâneos na capital, matando pelo menos 32 peregrinos e ferindo mais de 100.
Nesta quinta-feira, o general de brigada Qassim al-Moussawi, porta-voz da chefia militar iraquiana em Bagdá, expediu várias diretrizes para impedir que as tensões sectárias durante a jornada a Karbala degenerem em violência. Al-Moussawi disse que as diretrizes deverão evitar perdas de vidas. Segundo ele, os peregrinos não deverão andar armados e os que fizerem a jornada a pé não devem viajar após o anoitecer. Ele também advertiu os peregrinos a não aceitarem alimentos de estranhos.
Karbala fica ao sul de Bagdá e segundo o governo iraquiano a segurança na cidade foi reforçada para o Shabaniyah, que deverá atrair centenas de milhares de xiitas do Iraque e até dos países vizinhos. O porta-voz da polícia local, Rahman Meshawi, disse que sete batalhões do exército e da polícia foram deslocados a Karbala - cada unidade tem 300 homens.
Em outro incidente nesta quinta-feira, três policiais iraquianos foram mortos e seis feridos quando um bomba à beira de uma estrada explodiu e atingiu a patrulha perto de Buhriz, uma cidade 60 quilômetros ao norte de Bagdá. Mais ao norte, em Mossul, atiradores mataram um policial fora de serviço e um soldado do exército, em incidentes separados.
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