Um ataque assumido pelo Estado Islâmico (EI), grupo que domina partes da Síria e do Iraque, deixou ao menos 142 mortos ontem em Sanaa, capital do Iêmen. Quatro homens-bomba se explodiram durante as orações de sexta-feira em duas mesquitas frequentadas por apoiadores de rebeldes xiitas da facção houthi. Pelo menos 350 pessoas ficaram feridas e pode haver mais mortos.
Uma das explosões ocorreu no interior da mesquita de Badr, no sul da capital, seguida de outra na porta pela qual transitavam os fiéis. Outro alvo foi a mesquita de Al-Hashahush, no norte da cidade, que celebrava a oração do meio-dia. O imã do templo, Taha Ahmed al Mutauakil, é um dos dirigentes do grupo houthi no Iêmen. Ele foi ferido e está internado. As mesquitas de Sanaa são utilizadas principalmente por muçulmanos do grupo houthi, que há meses controla o país.
Outro homem-bomba tentou se explodir em uma mesquita na província de Sadaa, no norte do país, mas a bomba detonou antes da hora, matando somente o suicida, informou o serviço de segurança do país.
Em mensagem divulgada pela rádio do EI, a Al Bayan, transmitida pela internet, um locutor leu um comunicado do grupo que afirma que esses ataques fazem parte de “uma série de façanhas levadas a cabo diariamente pelos soldados do califado contra os inimigos de Alá e de sua religião”.
Disputa
O Iêmen vive uma disputa de poder entre os houthis, grupo apoiado pelo Irã, e o presidente do país, Abdo Rabo Mansur Hadi. Hadi havia sido colocado em prisão domiciliar, mas no dia 21 de fevereiro conseguiu fugir e chegar à cidade de Aden.
Aviões atacaram ontem a casa do presidente. Ele não ficou ferido, segundo fontes da presidência. Na manhã da quinta-feira, seis pessoas morreram e 20 ficaram feridas em confrontos no aeroporto de Aden.
Repercussão
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que o governo americano não está convicto de que os ataques foram ordenados pelo EI. “O ataque evidencia que os cidadãos de toda a região, incluídos os muçulmanos, estão em perigo por causa da ideologia extremista do EI e de seus brutais atos de terror”, disse, no entanto.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu que todos os lados “cessem imediatamente todas as ações hostis e se contenham ao máximo”.
O governo brasileiro emitiu uma nota. “O governo brasileiro conclama todos os atores políticos iemenitas à abstenção de atos que possam provocar a radicalização do processo político“, diz a nota.